quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O ACORDAR NA HISTÓRIA


O ACORDAR NA HISTÓRIA

A bruma envolve as memórias indistintas da infância do corpo, o desconforto é real e presente, porque o tempo é agora, e a consciência está agora, como então, envolvendo-o e tentando exprimir-se através de uma biologia de eras.
O olhar do centro, doce e compassivo, permeia o fluir incessante de emoções, e decorrentes vivências, que vagueiam numa ininterrupta sequências de "papas" e manifestações efusivas, que não pressupõem o conhecimento do ser.
O seu mundo é tão real, dentro de uma história,onde o ser vai progressivamente adormecendo, à medida que o seu corpo, mente e emoções, com as exigências que lhes são próprias, vai interactuando com o jogo de infinitas nuances do entorno.
E assim, tudo vai bem, ou tudo vai mal, ou tudo simplesmente vai indo, durante décadas, que transportam universos inteiros, enquanto vividas.
E a História vai-se diversificando e tornando cada vez mais complexa... e a própria história vai-se enredando nela.
Cada universo da idade é vivido na sua escala própria, mas a sensação é a completa inadequação em todos eles.
Nunca se está preparado para a experiência seguinte, pois é ela mesmo, que abre os caminhos dentro do desconhecido, que tem memórias ocultas na noite dos tempos.
A incompletude se projecta na tela do Mundo, em cujo seio, outras projecções, já construíram rotas mapeadas, aonde vão dar todos os percursos.
A dada altura, em qualquer uma das idades, a Dor, ou uma infinidade de outras dores... se tornou tão insustentável, que a vontade se esvai em seguir o que as rotas propõem.
É o olhar do centro do ser, que lentamente começa a romper o véu que o separa do que se passa deste lado, e a Luz que progressivamente começa a permear a nossa e toda a realidade, vai removendo numa escala própria, as inúmeras camadas de ilusões vividas, que o separam de si próprio.
E aí tudo simplesmente, não vai mais indo, simplesmente, tudo pára.
E a paragem é longa e nos ilha do Mundo.
Estamos na terra de ninguém, em que nada é coisa nenhuma, e que tudo o que É ainda está no porvir, envolvido pela bruma que permeia o entre margens. É o tempo de apagar todas as memórias, que projectaram o cenário que temos e de compreender, que basta mudar o que somos para o cenário mudar.
E isso é muito vasto, muito mais do que todas as galáxias do imenso Universo...
E aí começa aviagem para dentro de nós próprios...
E nenhum roteiro que alguma vez foi escrito nos pode levar lá.

Uma incursão no reino das palavras.
Em Dezembro de 2006.

Laura

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