terça-feira, 1 de outubro de 2013

Eu existo. Nada mais realmente importa.



O QUE É REAL DE VERDADE?
Por Jean Tinder
Shaumbra News, de Outubro de 2013



Uma das minhas paixões na vida é “tornar as coisas reais”.

Até mesmo quando eu era criança, crescendo em um lar muito religioso, com discussões teológicas fazendo parte diária da vida, eu ainda queria entender a “vida de verdade”. Eu precisava de todo aquele dogma tivesse uma aplicação prática. Caso contrário, qual seria o uso dele?

E eu acho que eu ainda sou assim, sempre querendo aprender os conceitos compartilhados pelo Adamus, Tobias e outros e colocá-los em prática na vida real e em uso. Quero ver como eles se tornam a experiência verdadeira. Caso contrário, qual é o ponto?

Como todos provavelmente já sabem, o Colorado foi recentemente atingido por uma tempestade que produziu inundações de "proporções bíblicas." De acordo com várias fontes, foi “a inundação de 1000 anos." Em outras palavras, esse tipo de inundação tem 0,1% de chance de acontecer em um determinado ano. Com os efeitos que cobrem centenas de quilômetros quadrados ao longo da faixa das Montanhas Rochosas do Colorado, encontrei-me bem no meio de tudo isso.

A chuva começou no início da manhã da segunda-feira, como se alguém tivesse ligado o chuveiro e se esquecido de desligá-lo. A chuva, ao invés de passar depois de uma ou duas horas, como de costume, não parou de cair por cerca de quatro dias. Eu disse a alguém que eu estava vivendo agora na nova "floresta tropical do Colorado!"

Então, às 03h e 30min, na quinta-feira de manhã, acordei de um sono profundo com uma chamada automática do telefone de emergência. A gravação me informou que tinha havido enchentes e que tinham derrubado partes da rodovia e linhas de gás, que o gás tinha sido desligado e fomos aconselhados a ficar em casa - se fosse seguro. Oh, e que isso não era um exercício!

Estando lá, tentando terminar de acordar e absorver a notícia, ouvi um som estranho vindo do porão. Desci as escadas e abri a porta para ver uma sala cheia de água escura, com latas de tinta, caixas, papéis e outras coisas flutuando. Meu coração afundou quando eu percebi a bomba do reservatório não estava ligada.

Descalça e com frio, eu entrei na água até os joelhos, na esperança de não ser eletrocutada enquanto tentava pegar o cabo e ligá-lo. Ele estava pendurado bem no nível da água. Eu respirei fundo e o liguei, pensando: "Se é assim que eu vou morrer, não vai ser uma visão bonita para o pessoal de recuperação!" Com o emocionante estrondo da bomba ligada e eu subi de volta, feliz que eu não tive que enfiar a mão na água e mexer na bomba para fazê-la funcionar.

Eu voltei para a cama e fiquei ali respirando, tentando absorver o que estava acontecendo. Com o meu marido longe, visitando a família, eu estava sozinha em casa e eu tentei entender tudo o que aquilo significava. É claro que meus compromissos naquela tarde teriam de ser cancelados e um monte de outras coisas teria que ficar em segundo lugar para poder lidar com a situação. Foi tudo muito emocionante, embora muito desorientador.

Levantei-me novamente e fui para a internet. À medida que as notícias se desenrolavam, as pessoas estavam postando fotos e vídeos com a água fluindo das ruas de Boulder. O riacho que atravessa a cidade estava com dez vezes mais de sua capacidade habitual e foi muito além de suas margens. Conforme as comunidades ao redor da área acordavam nesta realidade nova e ainda em desenvolvimento, foi tudo muito cativante e eu fiz muito pouco de qualquer outra coisa nos próximos dias.

O que foi interessante foi notar como tudo se desenrolou dentro de mim. Quando chegou a hora de dormir quinta-feira e eu finalmente me afastei de todas as notícias, me dei conta de que eu estava com medo de ir para a cama. Huh? Desde quando eu tenho medo de ir dormir? Eu estava perplexa. Então, caiu a ficha.

Um aspecto tinha sido criado há apenas algumas horas - um aspecto que havia sido acordado de repente para notícia difícil, um aspecto que não queria voltar a dormir por medo de que isso acontecesse novamente, um aspecto que tinha ficado preso e já estava influenciando a minha experiência.

Bem, como diz Tobias, na Escola Aspectologia,
a consciência é o primeiro passo e o mais importante. Assim que eu percebi de onde o medo estava vindo, eu o respirei de volta e fui dormir em paz total.

Que privilégio é reconhecer aspectos conforme eles são criados, quase em tempo real!
Com certeza parecia tornar a integração muito mais fácil.
Mas o que dizer dos outros aspectos que foram criados há muito tempo?
Na verdade não é muito diferente.

Toda vez que surge algo, ou acontece, e que não parece ser soberano, pacífico, contente ou qualquer outra coisa que eu queira sentir como um Mestre, tudo que eu preciso fazer é reconhecer que não sou eu
. É um aspecto e não importa de onde veio ou quanto tempo ele esteve lá. Eu ainda posso respirá-lo de volta e, em seguida, fazer as escolhas que eu quero, sem seu controle ou influência.

Claro, observando todas as notícias de casas, carros e até mesmo pessoas sendo arrastadas, eu me perguntava sobre a minha própria mortalidade. Eu tinha certeza que a minha casa não corria perigo de ser levada pelas águas, mas e se algo imprevisto acontecesse de errado? E se ela desabasse sobre mim, como aconteceu com outras pessoas? E se...? No meio da noite, quando está escuro e frio e as energias estão voando, as possibilidades parecem infinitas. E se algo "muito ruim" acontecesse comigo?

Bem, eu aprendi que quando você faz uma pergunta, a resposta aparece bem rápido - se você estiver ouvindo. E, com certeza, a resposta estava bem ali:
"E daí? Eu ainda existo".

Na verdade, em algum ponto, marchando escadas acima com outra carga de lixo encharcado, eu realmente perguntei ao Adamus: "O que está acontecendo? O que eu preciso me lembrar de tudo isso?"

A resposta dele foi breve e simples: "Você já passou por isso antes. Você já enfrentou calamidades muito pior do que essa e algumas delas até mesmo a matou e mesmo assim você está aqui. Não há nada a temer."

Eu respirei profundamente.
Ele está certo. Eu existo!
Eu sempre existi e sempre existirei.

Todo esse caos é apenas outra experiência, outro conto emocionante para adicionar às estórias das minhas vidas. Posso muito bem vivenciá-la plenamente! De alguma forma, lembrar que eu existo fez tudo ficar bem. Claro que o meu ser humano logo se cansou de tudo isso, querendo o aquecimento de volta, as estradas consertadas, o porão seco logo e tudo o mais.

Mas todo esse cansaço humano também é uma experiência e algo que a alma aprecia tanto quanto toda a excitação.

Enquanto eu estou escrevendo isso, recebi um e-mail de alguém sobre as crianças da Síria, convidando-me para ajudar e apoiá-los. Vendo as fotos de tanto sofrimento e dor, eu me pergunto que direito eu tenho que falar sobre os meus pequenos desafios. Mas então eu percebi que o que é verdade para mim também é verdade para eles.

É verdade para todos que estão vivendo a vida na Terra. Eu existo. Você existe e você, você e você. Todos nós existimos e nós nos inscrevemos para esta viagem louca chamada vida humana. Sim, é intensa. Sim, às vezes dói. Sim, nós podemos esquecer que realmente não importa. Mas no final, a nossa existência é tudo o que é real.

E, de alguma forma, quando eu me lembro de que isso adiciona uma preciosidade para a vida que poderia não estar lá se eu achasse que realmente importava, porque eu estaria muito presa na sua seriedade e tragédia. Mas essas experiências são tão preciosas que vai além das palavras.

É como um sonho delicioso e intenso do qual você não quer acordar. Quando você sente que vai acordar, os últimos momentos são os mais preciosos de todos, porque você sabe que eles são tão fugazes. A sabedoria e a memória são tudo o que você traz de volta, porque as experiências e os sentimentos sumiram em uma respiração.

Todos esses momentos de nossas vidas - não importa o quão maravilhosos ou caóticos, pacíficos ou dolorosos, claros ou confusos - eles são mais preciosos do que nunca, porque
estamos acordando. O sonho está começando a desaparecer e nós estamos começando a perceber que presente precioso ele era, mesmo quando ele sumiu ou explodiu em pedacinhos.

Eu existo.
Nada mais realmente importa.
E isso é mais do que apenas um conceito.
É o que é realmente de verdade.


Tradução: Léa Amaral    lea_mga2007@yahoo.com.br







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