quarta-feira, 14 de novembro de 2018
A Existência Pura
Esta
é, de fato, uma bela oportunidade. Estamos diante de uma nova
espécie de conhecimento, de experiência. Na verdade, a palavra
“conhecimento” e “experiência” não são as mais adequadas.
Aquilo que nós temos por conhecimento ou experiência é algo sempre
atrelado a alguém ou a algo que percebe, que conhece ou que
experimenta, enquanto que, nesse contato que temos aqui, nesse espaço
de investigação, estamos descobrindo uma qualidade nova de
Conhecimento, de Experiência, sem a existência de qualquer sujeito.
Assim, trata-se do Conhecimento Puro ou Experiência Pura, sem um
conhecedor ou experienciador.
Estamos
tratando da Natureza Primordial de todas as coisas. Os Sábios chamam
Isso de Brahman, “algo”
que está além do conhecimento e da ignorância, além da
experiência e da não experiência, do experimentador e sua
experiência. Hoje em dia, temos muitos livros trazendo uma
aproximação dessa Realidade Última, de Brahman, Deus,
Consciência ou Suprema Realidade. Mas, tudo que você pode fazer com
esses livros é abarrotar a memória de informações e o intelecto
de certa habilidade para lidar com palavras sobre esse assunto. Aqui,
não temos interesse nisso.
A
primeira coisa, aqui, é limpar esse “terreno”, porque a natureza
desse Conhecimento ou dessa Experiência de Brahman, de Deus,
dessa Realidade, não é objeto de estudo, não é um tópico para
ser estudado, você não pode estudar e aprender algo sobre Isso. É
possível mergulhar, desaparecer Nisso, assumir esse Conhecimento ou
essa Experiência. Reparem que estamos falando de uma Experiência e
de um Conhecimento de qualidade totalmente diferente daquela que a
mente conhece.
Meu
Mestre dizia que apenas Deus pode conhecer e revelar Deus. Então, o
conhecedor de Brahman, o conhecedor de Deus, é Deus. A
Experiência de Brahman, de Deus, é uma Experiência de Deus,
em Deus e para Deus. Compreendam a beleza disso: não é para o
intelecto, não é para o observador, não é para o pensador, não é
para o experimentador. O pensador carrega a ilusão de que o
pensamento é algo separado dele – ele é o sujeito e o pensamento
o objeto. O experimentador carrega a ilusão de ser aquele que
experimenta, e a experiência é o seu objeto. O observador faz o
mesmo: ele tem a ilusão de estar separado daquilo que é observado.
Essa separação é apenas um conceito, uma crença, ainda do
pensamento.
Em
outras palavras: tudo que você vive como uma entidade separada, uma
pessoa, que é o que você acredita ser, é uma ilusão. Aquele que
acredita ser uma pessoa foi apanhado pela imaginação. Ele é a
própria imaginação produzindo uma fantasia – a fantasia de ser
uma entidade separada. Toda a sua vida está assentada nessa ilusão.
É necessário discernir a Verdade da ilusão desse falso pensador,
desse falso observador, desse falso experimentador, desse falso “eu”.
Essa ilusão criou a ideia (que também é uma crença) de estar
vivendo uma experiência particular, pessoal, humana, dentro do
corpo. Isso tudo é um pacote de pensamentos, um pacote de imagens
criadas pelo pensamento, pura imaginação.
"Tudo
que você vive como uma entidade separada, uma pessoa, que é o que
você acredita ser, é uma ilusão. Aquele que acredita ser uma
pessoa foi apanhado pela imaginação. Ele é a própria imaginação
produzindo uma fantasia – a fantasia de ser uma entidade separada."
Agora
mesmo, você imagina que está ouvindo [ou lendo] essa fala e que há
alguém lhe dizendo algo, mas isso não é verdade. Não tem ninguém
ouvindo coisa alguma, isso é só um jogo, uma dança de palavras sem
qualquer significado real. Você acompanha isso? É muito estranho?
A
mente tem projetado todo esse pacote de pensamentos, essa
multiplicidade de formas, nomes, imagens, experiências. Então,
parece que há muita coisa acontecendo para uma multidão. Nós
falamos de sete bilhões de pessoas em um planeta, cada uma com uma
alma, cada uma mantendo “consciência” de si mesma como uma
entidade separada. Tudo isso é só fantasia, é uma ficção!
Sua
Natureza Real é Brahman, essa Pura Experiência ou esse Puro
Conhecimento, como começamos falando. Essa qualidade nova de
conhecimento, de experiência, é algo que transcende todas as
definições, todas as palavras, todos os conceitos, todas as imagens
e pensamentos. É “algo” que se revela em seu Estado Natural, que
é Meditação, quando a mente não se move mais em seu mundo de
imaginações, pensamentos, crenças, ideias. Nossa Identidade Real,
nosso Ser Real, não é algo que está preso nessa dimensão de
imagens, de imaginações; é algo que pode ser realizado a partir de
uma profunda autoinvestigação acerca da natureza ilusória do
corpo, da mente e do mundo. Daí a importância da autoinvestigação.
Tudo
precisa ser deixado, absolutamente tudo! Se você segurar alguma
coisa, isso ainda vai lhe dar um significado nessa dimensão
imaginária – o significado dessa falsa identidade. Qualquer coisa
que você segure vai mantê-lo nessa ilusória identidade. Tudo que a
mente mais deseja é manter-se nessa continuidade, e isso ela faz
segurando-se em alguma coisa. Então, todos os apegos, ligações,
desejos, tudo precisa desaparecer!
Quando,
dentro de você, algo está queimando por Isso e você é capaz de ir
até as últimas consequências dessa autoinvestigação, torna-se
possível o final da história desse personagem aí, o qual parece
que nasceu, que tem um nome, uma história, um passado, que está
tendo um presente e terá um futuro. É quando você se encontra
diante da perfeita Ignorância.
Alguns,
quando vem à Satsang, dizem que não sabem, mas, logo,
revelam-se como alguém que quer saber. Essa não é a perfeita
Ignorância. Eu estou falando da Ignorância que está além da
ignorância e do conhecimento. Então, quando você está nessa
perfeita Ignorância, você está na qualidade desse Conhecimento ou
dessa Experiência de que falei logo no princípio. Eu chamei de
perfeita Ignorância porque é uma Ignorância completa.
Em
geral, a ignorância está “insatisfeita”, ela quer deixar de ser
ignorante, quer saber algo – essa não é a Ignorância perfeita.
Eu falo de uma Ignorância completa, que é aquela que não se
preocupa com a ignorância nem com o conhecimento, é um simples “não
saber”. É dessa qualidade de Conhecimento e Experiência que
estamos falando. Quando Isso está presente, a Realidade dessa
Libertação está presente, você está em seu Ser, em sua Natureza
Primordial. Essa Natureza Primordial é Brahman, é Deus, Pura
Consciência, Pura e Suprema Realidade. Na Índia, eles chamam de
Sat-Chit-Ananda, Ser-Consciência-Felicidade.
Isso
é algo que está presente como sua Natureza Verdadeira, não tem
nada a ver com o corpo e o estado em que ele se encontra neste
momento. Esse corpo, talvez, tenha vinte, trinta e cinco, cinquenta,
setenta e cinco, noventa anos; talvez, já tenha problemas de sangue,
de rins, de ossos, ou qualquer outro. Isso, também, não tem nada a
ver com esse aparato intelectual ou toda essa memória guardada em
alguma parte da massa cinzenta do cérebro. Todo conhecimento
adquirido, que hoje pode ser lembrado ou esquecido em razão do
estado desse mecanismo, desse corpo-mente, não é você. Você é
Sat-Chit-Ananda,
você é Brahman,
a Suprema Realidade, essa qualidade de Conhecimento e de Experiência.
*Transcrito
a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 15
de
Outubro
de
2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h
(exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app
Paltalk e instruções de como participar acesse o link:
http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online
https://marcosgualberto.blogspot.com/2018/11/a-existencia-pura.html
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