sábado, 10 de novembro de 2018

A meditação como um analgésico



Alguns perguntam do que tratamos em Satsang... Nós tratamos Daquilo que é essencial, da única “Coisa” para a qual você nasceu. Você está aqui para conhecer sua Real Identidade e, se você está aberto a isso, esse descobrimento adquire uma grande importância.
Você tem lidado com a vida a partir de uma posição estreita e muito, muito limitada, porque sua visão de “si mesmo” é somente uma imagem, uma crença, uma imaginação, uma ideia. Dessa mesma forma, você vê o mundo, pois todo seu contato com o ambiente externo, com acontecimentos, eventos, situações, está dentro desse ponto de vista estreito e limitado, ou seja, dessa falsa percepção que você tem de si mesmo. 
Então, tudo que você tem é uma crença de como o mundo é, que é baseada naquilo que você acredita ser. Falta-lhe a verdadeira Meditação. Não a meditação como uma prática, que a grande maioria conhece, mas a Meditação como a manifestação da Verdade sobre Si mesmo, que é o Silêncio dessa Presença, dessa Verdade, que nós chamamos de Consciência. Essa é a Real Meditação! A mente, na produção dessa autoimagem, é muito habilidosa em se colocar contra o misterioso movimento da Existência. Todo o seu treinamento é nessa direção; tudo que você tem feito e vem fazendo, ao longo de todos esses anos, é exatamente isso. Você não sabe a Verdade sobre si mesmo, nem conhece a Realidade da Vida.
Para você, a vida é conflito, luta, problemas. A primeira coisa é que todo esse desespero e sofrimento, que, na realidade, é somente algo que a mente tem construído, não retrata a Existência, a Vida, mas apenas aquilo que você chama de “vida”. Estamos apresentando, nestes encontros, o velho problema que a mente tem, em sua imaginação. Assim, sua vida é uma completa resistência, uma completa distorção da Realidade presente. Quem tem feito tudo isso? Essa mente egoica, essa “pessoa” que você acredita ser. Ela mantém esse jogo de resistência, toda essa luta, todo esse desespero e conflito.
Você se torna consciente de que isso está aí quando o processo de desidentificação dessa imaginação começa a acontecer. Isso se dá quando todo esse jogo de padrões de comportamento, com todo o peso de antigas lembranças, memórias, conceitos, ideologias, crenças, medos e desejos, baseado nessa confusão da imaginação, é rompido, quebrado. Esse rompimento é algo que acontece através dessa autoinvestigação e, então, o sentido ilusório desse “eu” presente perde completamente o seu aparente poder, que é convincente e hipnótico.
A autoinvestigação abre espaço para a Real Meditação, que é a revelação de sua Real Natureza Divina, sua Real Identidade. Então, essa primeira coisa é a única que importa. Quando você pode olhar diretamente para esse sentido de “pessoa”, essa valorização da autoimagem, essa autoimportância, que se baseia em memórias, crenças, conceitos, e não mais se confundir com tudo isso, a Meditação naturalmente começa a tomar o espaço que é Dela. Isso acontece no seu dia a dia e não através de práticas de meditação em momentos específicos. Acontece com você caminhando, falando, comendo, dirigindo o carro, está presente no seu trabalho, em todo lugar, em toda parte. Dessa forma, você está tirando todo o aparente poder que essa falsa identidade, o ego, tem.


Compreenda o que estou colocando aqui para você. As pessoas entram em determinadas práticas espirituais, indicando certas técnicas para aquietar a mente, o que elas chamam de meditação, no entanto, isso é algo que funciona apenas como um comprimido analgésico quando você tem alguma dor. Ou seja, quando tem alguma dor, você toma um analgésico e temporariamente a dor desaparece, mas é necessário encontrar a causa dela, como uma inflamação, uma infecção, alguma coisa mais grave que provoca essa dor. Assim, um analgésico vai apenas, temporariamente, criar uma ilusão de que está tudo bem, mas a dor vai voltar. Então, todas as práticas que você conhece, todas as técnicas de meditação que você aplica, funcionam exatamente assim. Por isso, o mal ainda não foi extirpado, a causa da dor, em si, não foi eliminada. A Real Meditação (uso essa expressão, exatamente, para diferenciá-La dessas técnicas que você conhece por meditação) não tem este propósito .
Na realidade, você tem se afastado de sua Real Natureza. Você está constantemente se confundindo com a mente egoica, com essa imaginação de ser “alguém” na experiência do dia a dia. Assim sendo, é nesse dia a dia que isso tem que ser compreendido. Essa é a forma de extirpar, de radicalmente acontecer essa cura. Você aprende a observar de forma desidentificada toda a experiência acontecendo neste instante, neste presente momento. Isso não é o uso de um analgésico. Essa observação, essa investigação, é a base da Meditação Real. É necessária uma Presença capaz de criar uma facilitação, para que esse processo aconteça. Essa é a Presença da Graça; não é uma questão de esforço pessoal.
"Na realidade, você tem se afastado de sua Real Natureza. Você está constantemente se confundindo com a mente egoica, com essa imaginação de ser “alguém” na experiência do dia a dia. Assim sendo, é nesse dia a dia que isso tem que ser compreendido."
A Verdade é sua Natureza Divina, sua Real Identidade. Enquanto você permanece se confundindo com a mente — que nada mais é do que esse conjunto de memórias, lembranças, crenças, imagens, que o pensamento produz — e isso não é verdadeiramente quebrado, não há Real Meditação. Por isso que Autorrealização, Iluminação, como se queira chamar Isso, é algo que soa muito simples na teoria. Você lê um pouco ou escuta algo sobre Isso, aprende e, depois, já está “sabendo” o que é meditação, o que é iluminação. No entanto, isso não resolve nada, é somente mais um conjunto de ideias, de crenças. Aqui, estamos interessados na vivência dessa Realização, desse Estado Natural, que alguns chamam de Iluminação. Por isso essa Graça é fundamental.
Assim, é essencial estar em Satsang, diante Daquele que está livre dessas restrições, limitações, imaginações, desse estado ignorante acerca do seu próprio Ser. Minha recomendação é: coloque-se diante do Sábio. O verdadeiro Sábio é aquele que não carrega mais a ilusão do sentido de separação e não aquele que estudou, aprendeu e praticou, ou ainda vive dentro de uma prática. O Sábio é aquele que descobriu que esse Silêncio não é algo que possa ser encontrado, porque, de fato, não é algo que está perdido. Essa Presença, Felicidade, Liberdade, não é algo assim. Para Ele, não há mais essa ilusão, porque Isso é uma realidade, um fato, não uma teoria, uma crença. Na Índia, chamam de shakti essa energia de Presença que você tem diante do verdadeiro Sábio, do Satguru.
O que estou lhe dizendo se baseia em minha própria vivência com o meu Guru. O Guru é aquele que lhe transmite essa Graça, essa shakti, esse poder de Presença, e, assim, essa Real Meditação se torna possível. Dessa forma, você tem a Sua Graça apontando para Algo que está completamente livre da mente. Percebam o quanto é importante essa verdadeira Compreensão não verbal que acontece no Coração. Assim, o trabalho real se torna muito claro e a Real Meditação começa a acontecer.


*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 08 de Outubro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online
https://marcosgualberto.blogspot.com/2018/11/a-meditacao-como-um-analgesico.html 

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