Neale Donald Walsch - do livro "Conversa com Deus"
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Não te enviei senão anjos!
A
alma e o Perdão!
Neale Donald Walsch - do livro "Conversa com Deus"
Era uma vez, em tempo nenhum, uma
Pequena Alma que disse... a Deus:
- Eu sei
quem sou!
E Deus
disse:
- Que bom!
Quem és tu?
E a Pequena
Alma gritou:
- Eu sou
Luz!
E Deus
sorriu. – É isso mesmo! – exclamou Deus. – Tu és Luz!
A Pequena
Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do
Reino deveriam descobrir. – Uauu, isto é mesmo bom! – disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe chegava. A pequena Alma
sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era. Então foi ter com
Deus ( o que não é má idéia para qualquer alma que queira ser Quem Realmente É
) e disse:
- Olá Deus!
Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus
disse:
- Quer dizer
que queres ser Quem já És?
- Bem, uma
coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo. Quero sentir como é ser a
Luz! – respondeu a pequena Alma.
- Mas tu já
és Luz – repetiu Deus, sorrindo outra vez.
- Sim, mas
quero senti-lo! – gritou a Pequena Alma.
- Bem, acho
que já era de esperar. Tu sempre foste aventureira – disse Deus com uma risada.
Depois a sua expressão mudou. – Há só uma coisa…
- O quê? –
perguntou a Pequena Alma.
- Bem, não
há nada para além da Luz. Porque eu não criei nada para além daquilo que tu és;
por isso, não vai ser fácil experimentares-te como Quem És, porque não há nada
que tu não sejas.
- Hã? –
disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
- Pensa
assim: tu és como uma vela ao Sol. Estás lá sem dúvida. Tu e mais milhões,
ziliões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem
vocês. ‘Não seria um sol sem uma das suas velas… e isso não seria de todo o
Sol, pois não brilharia tanto. E no entanto, como podes conhecer-te como a Luz
quando estás no meio da Luz – eis a questão’.
- Bem, tu és
Deus. Pensa em alguma coisa! – disse a Pequena Alma mais animada. Deus sorriu
novamente.
- Já pensei.
Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de
escuridão – disse Deus.
- O que é a
escuridão? perguntou a Pequena Alma.
- É aquilo
que tu não és – replicou Deus.
- Eu vou ter
medo do escuro? – choramingou a Pequena Alma.
- Só se o
escolheres. Na verdade não há nada de que devas ter medo, a não ser que assim o
decidas. Porque estamos a inventar tudo. Estamos a fingir.
- Ah! –
disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.
Depois Deus
explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer
exactamente o oposto.
- É uma
grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é – disse Deus –
Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o
Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o
Agora sem o Depois. E por isso, – continuou Deus – quando estiveres rodeada de
escuridão, não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão. ‘Sê
antes uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela. Então saberás Quem
Realmente És, e os outros também o saberão. Deixa que a tua Luz brilhe tanto
que todos saibam como és especial!’
- Então
posso deixar que os outros vejam que sou especial? – perguntou a Pequena Alma.
- Claro! –
Deus riu-se. – Claro que podes! Mas lembra-te de que ‘especial’ não quer dizer ‘melhor’!
Todos são especiais, cada qual à sua maneira! Só que muitos esqueceram-se
disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que podes
ser especial!
- Uau –
disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando. – Posso ser tão
especial quanto quiser!
- Sim, e
podes começar agora mesmo – disse Deus, também dançando e saltando e rindo e
pulando juntamente com a Alma
- Que parte
de especial é que queres ser? – Que parte de especial? – repetiu a Pequena
Alma. – Não estou a perceber.
- Bem, –
explicou Deus – ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes. É
especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É
especial ser paciente. Conheces alguma outra maneira de ser especial?
A Pequena
Alma ficou em silêncio por um momento. – Conheço imensas maneiras de ser
especial! – exclamou a Pequena Alma – É especial ser prestável. É especial ser
generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso com os outros.
- Sim! –
concordou Deus – E tu podes ser todas essas coisas, ou qualquer parte de
especial que queiras ser, em qualquer momento. É isso que significa ser a Luz.
- Eu sei o
que quero ser, eu sei o que quero ser! – proclamou a Pequena Alma com grande
entusiasmo. – Quero ser a parte de especial chamada ‘perdão’. Não é ser
especial alguém que perdoa?
- Ah, sim,
isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
- Está bem.
É isso que eu quero ser. Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar-me
assim – disse a Pequena Alma.
- Bom, mas
há uma coisa que devias saber – disse Deus.
A Pequena
Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente. Parecia haver sempre alguma
complicação.
- O que é? –
suspirou a Pequena Alma.
- Não há
ninguém a quem perdoar.
- Ninguém? A
Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.
- Ninguém! –
repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a
Criação menos perfeita do que tu. Olha à tua volta. Foi então que a Pequena
Alma reparou na multidão que se tinha aproximado. Outras almas tinham vindo de
todos os lados – de todo o Reino – porque tinham ouvido dizer que a Pequena
Alma estava a ter uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o
que eles estavam a dizer. Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a
Pequena Alma teve de concordar. Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos
perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas, e a Luz de cada uma
brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.
- Então,
perdoar quem? – perguntou Deus.
- Bem, isto
não vai ter piada nenhuma! – resmungou a Pequena Alma – Eu queria
experimentar-me como Aquela que Perdoa. Queria saber como é ser essa parte de
especial.
E a Pequena
Alma aprendeu o que é sentir-se triste. Mas, nesse instante, uma Alma Amiga
destacou-se da multidão e disse:
- Não te
preocupes, Pequena Alma, eu vou ajudar-te – disse a Alma Amiga.
- Vais? – a
Pequena Alma animou-se. – Mas o que é que tu podes fazer?
- Ora, posso
dar-te alguém a quem perdoares!
- Podes?
- Claro! –
disse a Alma Amiga alegremente. – Posso entrar na tua próxima vida física e
fazer qualquer coisa para tu perdoares.
- Mas
porquê? Porque é que farias isso? – perguntou a Pequena Alma. – Tu, que és um
ser tão absolutamente perfeito! Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida a
ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para ti! O
que é que te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que
tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e baça? O que é que te levaria a
ti, que danças sobre as estrelas e te moves pelo Reino à velocidade do
pensamento, a entrar na minha vida e a tornares-te tão pesada a ponto de
fazeres algo de mal?
- É simples
– disse a Alma Amiga. – Faço-o porque te amo.
A Pequena
Alma pareceu surpreendida com a resposta.
- Não fiques
tão espantada – disse a Alma Amiga – tu fizeste o mesmo por mim. Não te
lembras? Ah, nós já dançamos juntas, tu e eu, muitas vezes. Dançamos ao longo
das eternidades e através de todas as épocas. Brincamos juntas através de todo
o tempo e em muitos sítios. Só que tu não te lembras. Já fomos ambas o Todo.
Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e
o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau – fomos ambas a vítima
e o vilão. Encontra-nos muitas vezes, tu e eu; cada uma trazendo à outra a
oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente
Somos. – E assim, – a Alma Amiga explicou mais um bocadinho – eu vou entrar na
tua próxima vida física e ser a ‘má’ desta vez. Vou fazer alguma coisa
terrível, e então tu podes experimentar-te como Aquela Que Perdoa.
- Mas o que
é que vais fazer que seja assim tão terrível? – perguntou a Pequena Alma, um
pouco nervosa.
- Oh,
havemos de pensar nalguma coisa – respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então a Alma
Amiga pareceu ficar séria, disse numa voz mais calma:
- Mas tens
razão acerca de uma coisa, sabes? – Sobre o quê? – perguntou a Pequena Alma.
- Eu vou ter
de abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não
muito boa. Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E por isso,
só te peço um favor em troca.
- Oh,
qualquer coisa, o que tu quiseres! – exclamou a Pequena Alma, e começou a
dançar e a cantar: – Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!
Então a
Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.
- O que é? –
perguntou a Pequena Alma. – O que é que eu posso fazer por ti? És um anjo por
estares disposta a fazer isto por mim!
- Claro que
esta Alma Amiga é um anjo! – interrompeu Deus, – são todas! Lembra-te sempre:
Não te enviei senão anjos.
E então a
Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.
- O que é
que posso fazer por ti? – perguntou novamente a Pequena Alma.
- No momento
em que eu te atacar e atingir, – respondeu a Alma Amiga – no momento em que eu
te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento…
- Sim? –
interrompeu a Pequena Alma
- Sim? A
Alma Amiga ficou ainda mais quieta. – Lembra-te de Quem Realmente Sou.
- Oh, não me
hei de esquecer! – gritou a Pequena Alma – Prometo! Lembrar-me-ei sempre de ti
tal como te vejo aqui e agora.
- Que bom, –
disse a Alma Amiga – porque, sabes, eu vou estar a fingir tanto, que eu própria
me vou esquecer. E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu
posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem
Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas. Então,
vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar às duas Quem Somos.
- Não vamos,
não! – prometeu outra vez a Pequena Alma. – Eu vou lembrar-me de ti! E vou
agradecer-te por esta dádiva – a oportunidade que me dás de me experimentar
como Quem Eu Sou.
E assim o
acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por
ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada por ser aquela parte especial
a que se chama Perdão. E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade
de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o
tornasse possível. E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova
alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza –
principalmente se trouxesse tristeza – a Pequena Alma pensava no que Deus lhe
tinha dito.
- Lembra-te
sempre, – Deus aqui tinha sorrido – não te enviei senão anjos!.
Neale Donald Walsch - do livro "Conversa com Deus"
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