Num Reino distante, muito distante, todavia mais próximo do que você possa imaginar, existia uma terra simples, indistinta a não ser por um fato notável. A paisagem dessa terra era salpicada com pirâmides grandes e pequenas. Eram pirâmides tão antigas, que as pessoas não se lembravam se elas originalmente tinham sido criadas pela Natureza ou pelo homem. E, de fato, mesmo depois de olhadas com atenção, mesmo o mais minucioso dos observadores não poderia discernir este assunto claramente.
Naturalmente, existiam mitos antigos, que falavam destas pirâmides chamando-as de "Wam:Pa", que grosseiramente traduzido significa "Saltadores". Estas histórias fragmentadas revelavam que as pirâmides haviam sido colocadas no Planeta pelas Estrelas para rememoração. Mas poucos, se é que alguém, sabiam ou se importavam com o que era para ser lembrado ou mesmo por que era importante relembrar.
A maioria das pessoas simplesmente aceitavam as pirâmides como uma parte natural da paisagem tal como as árvores, rios e colinas e seguiam com suas vidas diárias como de costume, raramente dando às Wam:Pa um segundo olhar. Ninguém nunca as tocou ou as escalou, como se isso fosse fortemente proibido por razões desconhecidas e misteriosas, que há muito haviam sido esquecidas.
Mas maioria não é, você certamente sabe, tudo: sempre existem uns poucos, escondidos no meio das multidões, que são bastante diferentes. Eles vivem suas vidas ouvindo outra canção, nem sempre muito adequada com o resto. É deste grupo, que denominaremos "os outros", que os Observadores do Sol eram escolhidos. Embora, para ser verdadeira, eles na verdade se escolhem.
Isto acontece mais ou menos assim: um dos outros se esforçaria muito na tentativa de se adequar ao resto da população. A despeito de todos seus esforços, eles nunca conseguem extinguir aquela canção secreta, que pulsa como um hino de lembrança às suas Almas. Então, talvez,eles ouçam murmúrios a respeito dos Observadores do Sol e seus corações comecem a pulsar com vivo excitamento. em algum tempo, foram abençoados para verdadeiramente captarem num relance um Observador do Sol, que passa numa bem-aventurada solicitude. Isto acontece! Havia maciço desânimo e crescente prazer. Lágrimas surgiam rápidas e logo alguém deixava o mundo para trás e partia para se tornar um Observador do Sol.
A maioria da população estava ciente da existência de Observadores do Sol vestidos de dourado, mas davam a eles pouca importância. Pelo fato de os observadores do Sol serem muito calmos e raramente serem vistos de perto, certamente não causariam nenhum dano óbvio. O que era certo, uma vez que todos sabiam, era que os Observadores do Sol tinham olhos extremamente estranhos. Olhos de outro mundo, que podiam ver através de qualquer coisa, penetrando os véus da ilusão. O simples pensamento a respeito disso deixava as pessoas bastante desconfortáveis. Não que alguém tenha visto realmente os olhos de Observadores do Sol de perto, mas as pessoas ouviam histórias a respeito de pessoas que haviam visto seus olhos. Assim, sempre que algum deles via mesmo de longe alguém com vestimenta dourada, desviavam o olhar rapidamente até passarem seguros por eles.
E quem eram estes Observadores do Sol? Bem, eu direi a vocês, pois este é o propósito da história. Seus verdadeiros nomes eram Way-Chen, que significa, novamente numa tradução grosseira, Através da Fenda, embora nunca ninguém tenha se referido a eles por este nome e muitos nunca o tenham sequer ouvido, afinal.
Os Observadores do Sol viviam espalhados pela Terra inteira, enfiados em lugares escondidos e vales distantes. Alguns deles viviam sentados nas laterais das montanhas ou à beira de riachos secretos. Todos eles moravam separados dos demais habitantes. Viviam em pares ou em pequenos grupos, compartilhando um agrupamento de diminutas cabanas. Os Observadores do Sol vivem em completo isolamento, cultivando pequenas quantidades de alimentos, lavrando a terra com tranquilas canções raramente se encontrando em grandes grupos, mesmo que com confrades mais distantes de vestimentas douradas.
Falamos em "vestimentas douradas". Na verdade, eram meros quadrados de algodão amarelo-dourado tecidos à mão, nos quais os Observadores do Sol se enrolavam e usavam em vestimentas de estilos sempre variáveis. eles podiam ser usados como sarongues ou tangas ou mantos de Meditação e serviam a todas as maneiras de propósitos e usos. À vontade e confortavelmente soltos, suas formas podiam mudar rapidamente de acordo com a situação, dando grande liberdade sobre os rígidos estilos de roupas do restante da população. as roupas douradas também podiam ser facilmente removidas para servirem de cobertores ou sacolas. Não é para depreender disto que os Observadores do Sol levassem uma vida indolente. Era simplesmente uma vida simples e clama, com poucas distracções mundanas. Reduzindo suas necessidades ai mínimo, eles eram livres para devotar muito tempo à tarefa de rememoração. Eles não sabiam exactamente o que tinham de recordar, mas todos tinham conhecimento da mais alta relevância do que havia sido esquecido.
O pôr-do-sol era seu momento mais sagrado. Ao entardecer, quando o Sol fazia sua descida pelo Céu chamejante, os Observadores do Sol, em todas as partes, completavam qualquer tarefa que estivessem fazendo e quietamente escapuliam em pares para secretos recantos e fendas escondidas em outeiros e montanhas. Estes eram seus lugares secretos de Meditação. E lá eles sentavam, ajustavam seus mantos adequadamente e meditavam lado a lado. Com olhos abertos, eles fixavam seus olhares firmes no Sol se pondo, observando enquanto ele descia atrás de uma das antigas pirâmides.
Era durante este preciso momento, quando o Sol passava atrás da pirâmide, que algo extraordinário acontecia. Um estouro pulsante de Luz do Sol bordejava a beira da pirâmide, iluminando-a com um onda de electricidade. O Wam:Pa podia ser activado como um Saltador, ocasionando uma camada de vermelhos vibrantes, laranjas derretidos, amarelos dourados e brilhantes magentas, que reluziam juntos como relâmpagos.
Então, subitamente, como se ordenado pelo Alto, uma fenda se abria entre os mundos ... Um profundo e penetrante silêncio podia ser percebido. Os Observadores do Sol cessavam suas respirações mundanas. Na Não-Respiração eles se moviam para um estado de pura Existência ... O tempo parava ... e simplesmente parava de existir ... Não-Tempo expandia-se para o exterior até o Infinito ...
A Zona de Silêncio havia sido penetrada ... Por um instante ou por uma Eternidade, não importa, alguém podia admirá-la por dentro à vontade.
E no Eterno Instante do Não-Tempo, as lembranças afloravam e eram rememoradas ... Era um gosto, um grande e glorioso prazer da Essência da Realidade Maior ... Era aquilo pelo que nós humanos temos lutado e ansiado por éons, embora poucos de nós já tenham dado a isto um nome. Isto é a Fonte de nosso divino descontentamento, o grão de areia incrustado na ostra de nossos seres, que estimula nossa pérola da lembrança a se expandir e crescer. A semente de nosso conhecimento, que somente pode encontrar a verdadeira Paz dentro do Santuário de nossos Corações Maiores.
Este Instante Eterno no qual a fenda entre os mundos se abre, revelando um Brilho Sagrado da Zona de Silêncio, era a razão daquilo pelo qual os Observadores do Sol viviam e por que respiravam ... A imersão na Realidade Maior era seu Deus, seus Sagrados Propósitos, seu Santificado Relicário.
Então, neste momento de Êxtase Total, de Pura Existência, chegava o momento determinado da conclusão, quando a fenda se fechava, mais uma vez, confinando os Observadores do Sol dentro de sua dimensão actual.
Quando o Céu lentamente abraçava em si mesmo os matizes mais profundos da noite, os Observadores do Sol ficavam em Silenciosa Reverência. Ternamente saboreando suas lembranças. eles se enrolavam firmemente em suas roupas douradas para desviar o rápido frio da noite. Seus Confrades Estelares emergiam das profundezas do Céu e sorriam para baixo sobre eles, com amoroso encorajamento. então, na escuridão da noite, um a um como Um, os Observadores do Sol silenciosamente retornavam a seus lares ...
Dedico esta Mensagem a todos aqueles que tem sobre suas cabeças ... o SOL!
Eles sabem quem são ...
Paz, Amor e Unidade,
Mharcya de Sá
Postado por celia dallarosa Teixeira em http://aluisionestelar.ning.com
muito bom
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