O mês que entra vem com uma energia subjacente fluida, criativa, suave e, ao mesmo tempo, poderosa, trazendo à mente correntezas profundas sob uma superfície tranquila.
Está na hora de abraçarmos nossa criatividade, seja o que for que isto signifique para cada um de nós. Para isto, não precisamos ser um Picasso ou um Beethoven. Não é necessário nenhum “talento” especial, nenhum padrão a ser alcançado.
O simples fato de nos permitirmos observar e acolher a beleza do mundo natural, o olhar comovente de um animal ou a respiração suave do nosso filho que dorme – todas estas coisas e muitas mais nos conectam com a beleza criativa do universo, que está sempre demonstrando suas maravilhas impressionantes, mesmo quando permanecemos alheios, cabeça baixa, correndo no nosso dia-a-dia.
Neste sentido, criatividade não é algo que fazemos, mas um modo de ser.
Ao apreciarmos os diversos tons de verde das árvores, a simetria dos reflexos numa vitrine, o amor com que foi feito um jardim por onde passamos, nós nos alinhamos com o poder da beleza que desperta o espírito criativo.
Com muita frequência somos levados a crer que criatividade exige talento, dons especiais e um produto final cujo valor seja afirmado pelos outros. Na verdade, criatividade é simplesmente nosso corpo fazendo o que faz para nos manter vivos, e nosso coração tentando se conectar com o mundo à nossa volta.
Esta reação do coração aos momentos de beleza é o nosso espírito se elevando para se unir a eles, para reivindicar seu espaço na dança criativa do universo.
Neste mês somos profundamente encorajados a entrar nessa dança.
Com Ceres primeiro (3 de junho), depois Netuno (12 de junho) e em seguida Quíron (24 de junho) tornando-se retrógrados, nós nos voltamos para nosso próprio interior, para descobrir o rico manancial de vida, amor e criatividade que lá se encontra.
Esta experiência é para o nosso próprio benefício apenas.
Embora a queiramos compartilhar com outros, não há nenhuma obrigação de assim fazermos!
Os reinos internos estão iluminados agora, oferecendo-nos suas riquezas e revelando aspectos antes obscurecidos de nossa psique e espirito. Nossa disposição para acolhê-los e explorá-los será recompensada com a apreciação cada vez mais intensa, tanto da complexidade quanto da simplicidade na nossa paisagem interior.
Pode ser que tenhamos vontade de trazê-la para fora, de descrever por escrito nosso caminho através dela, de dançar, correr ou rir com a nossa alma. Este processo é pessoal, seus frutos são privados, mas suas consequências irradiar-se-ão por toda a nossa vida à medida que o espírito criativo despertado alcançar maior influência na consciência coletiva.
A Lua Cheia em Sagitário no dia 2 de junho prepara o terreno para esta mudança de perspectiva. Marcando o ápice dos velhos hábitos que nos mantêm presos em padrões nada saudáveis de pensamento, sentimento e comportamento, ela incentiva novas respostas a situações familiares, mesmo quando nossas emoções nos impelem a seguir o mesmo velho caminho.
Esta Lua oferece grande apoio àqueles que escolhem tornar a vida diferente e sair das rotas familiares. Ela nos convida a tomar parte numa das ações mais criativas de todas – a mudança do nosso comportamento.
Independentemente da força das emoções profundamente enraizadas, ela nos incentiva a escolher um caminho diferente e fazer dessa escolha a primeira de muitas que desencadearão novas possibilidades através da incorporação do nosso espírito criativo.
Vênus entra em Leão no dia 5 de junho, permanecendo lá até o começo de outubro, mas passando por Virgem durante duas semanas em julho. O motivo desta estadia prolongada é que Vênus se tornará retrógrada mês que vem, o que acontece mais ou menos uma vez a cada vinte meses. Vênus em Leão é amorosa, expressiva, pitoresca, confiante e criativa.
Ela oferece um pano de fundo maravilhoso para a energia suave e criativa do próximo mês e acrescenta uma nota de confiança à nossa própria expressão e à nossa apreciação de nós mesmos e dos outros. Vênus em Leão ama seu eu refletido de volta para ela nos olhos dos outros, tanto quanto ama aquele em quem ela encontra esse reflexo.
A adoração do eu e do outro não são mutuamente exclusivas para ela; ela só consegue estar verdadeiramente satisfeita num relacionamento que envolva o poder criativo do amor por si mesma. Esta Vênus precisa brilhar e precisa que brilhemos junto com ela, assumindo nossa capacidade de recriar a nós mesmos, nossas vidas e nosso mundo, um momento mágico de cada vez.
Quando Mercúrio voltar ao seu percurso direto, no dia 11 de junho, depois de estar em movimento retrógrado desde 19 de maio, teremos a oportunidade de refletir sobre revelações recentes ligadas a relacionamentos.
Essas poucas semanas poderão não ser confortáveis, mas se conseguirmos enxergar objetivamente a dinâmica atual, sairemos dessa fase com uma percepção mais profunda de como nós e as outras pessoas funcionam nesta linda confusão que são os relacionamentos humanos!
Entretanto, se atitude defensiva e culpa tiverem se tornado nossa configuração padrão, é provável que cheguemos ao fim dessa fase retrógrada usando uma armadura reforçada que só servirá par nos isolar no devido tempo.
Entre 11 e 27 de junho, teremos uma última oportunidade para resolver questões pendentes antes que Mercúrio se mova para novas paragens e tenhamos que aprender a caminhar por aí dentro dessa armadura desajeitada nos próximos meses. É muito melhor desfazermo-nos dela antes, fortalecermo-nos para um diálogo e fazermos o que precisa ser feito!
A passagem retrógrada de Netuno (12 de junho a 18 de novembro de 2015) juntamente com a passagem final de Saturno por Escorpião (15 de junho a 18 de setembro) amplia a necessidade de nos conectarmos com o divino em nós, pois só assim – enraizando-nos na fonte sagrada – poderemos ser verdadeiramente livres para compartilhar autenticamente com outros.
É assim que encontramos a coragem para falar a verdade, a força para nos comprometermos, o poder para mudarmos e a sabedoria para nos desapegarmos.
Reconhecermo-nos como algo maior do que o “pequeno eu” que teme rejeição evita mal-entendidos e exige aceitação para sentirmos segurança, libera o espírito criativo para voar livremente e incorpora o poder da mãe natureza, a grandiosidade do céu, a profundeza do oceano mais profundo e a majestade dos picos mais altos.
Saturno e Netuno nos dizem que liberação não tem a ver com libertar-se de algo - pois isto implica em dualidade – mas com a liberdade de simplesmente ser. Se procuramos apenas a libertação daquilo que nos prende, acabamos nos prendendo ao seu oposto.
Mas a liberdade de simplesmente ser o que somos na totalidade da nossa complexidade e na simplicidade da nossa divindade – esta é a verdadeira libertação, o voo da fênix das chamas da insegurança e medo egóicos.
A Lua Nova em Gêmeos no dia 16 continua o tema da emancipação. Ela nos oferece uma leveza de ser, aliada à energia necessária para erradicarmos certas influências inúteis de nossa vida. Entretanto, ao fazer isso, ela nos pergunta o que pretendemos fazer com o resultado da liberdade.
O desejo de libertar-se é bem forte em muitas pessoas hoje em dia, mas a liberdade traz consigo a responsabilidade; e uma conjunção entre a Lua Negra Lilith e o Nodo Norte, no momento desta Lua Nova, nos lembra que não podemos nos libertar uns dos outros.
Nosso destino coletivo nos chama agora, exortando-nos a nos posicionarmos a favor da verdade, a acolhermos as possibilidades e permitirmos o aparecimento de novas maneiras de viver em comunidade.
Não podemos sobreviver sozinhos neste planeta, nem podemos fazer isso explorando seus habitantes para nosso próprio proveito, mas sim reconhecendo-os como a centelha divina que são. Deste modo nós respeitamos o espírito criativo que irrompeu há eons e vive em cada um de nós.
Observar o mundo desta forma é um ato de poder, um momento de rebeldia contra a pequenina mente que enxerga vocês ali e eu aqui, competindo por recursos, por segurança, pela própria vida.
A vida não é uma competição, mas um esforço conjunto, no qual a linha de chegada é tal que nos faz vitoriosos a todos, iguais em valor e respeitados como centelhas da fonte sagrada que foi acesa há milênios atrás e continua queimando e brilhando através das eras.
No dia 19 de junho, Quíron, Urano e Júpiter formam um alinhamento que dura até a segunda semana de julho. Nisto vemos a tendência à individualidade desafiada pelo desejo de dissolução do eu e unificação com o divino.
Estes dois impulsos – por individualidade e por união – existem lado a lado no espírito humano e geralmente são considerados incompatíveis. Na verdade, eles são dois lados da mesma moeda, e não obstáculos ao potencial um do outro.
Somos indivíduos únicos e, ao mesmo tempo, partes minúsculas de um todo infinito. Podemos acessar a identidade, a personalidade e a presença individual ao lado da dissolução do eu num campo coletivo que conecta a todos nós. O processo de evolução consciente necessita da intimidade com esses dois aspectos da experiência humana.
Entretanto, o desejo de nos afastarmos da confusão da vida humana e das artimanhas da identificação com o ego podem resultar num voo para dentro do “espírito” sem o necessário enraizamento no mundo da forma, onde nosso corpo – a âncora do espírito – reside. Isto não é o despertar, mas a negação de uma encarnação e todos os seus desafios.
De fato, pode ser difícil olhar através da insensatez de um mundo enlouquecido, mas é olhando através dele que fazemos parte dele. Precisamos viver nosso despertar – com seus momentos de revelações, de liberdade e de passagens escuras de isolamento e desafio – aqui neste mundo, não em algum lugar fora dele.
Como os grandes Mestres Zen nos lembram, o despertar não é uma experiência agradavelmente fina, clara e confortável. É uma experiência confusa, difícil, emocionante, libertadora e aterrorizante na mesma medida! Ela nos ensina a ser várias coisas em um só espaço, a viver com o paradoxo, a abraçar a contradição e a arriscar tudo para ser livre.
Como o Sol (21 de junho) e em seguida Marte (24 de junho) entram em Câncer enquanto Vênus e Júpiter continuam sua jornada através de Leão, a interação entre inspiração e emoção será destacada no final do mês.
Com a atual escassez de planetas em signos de Terra (só temos Plutão em Capricórnio mantendo essa energia), é possível que tenhamos que nos esforçar para materializar nossas criações imaginadas. Possibilidades e potenciais podem nos seduzir, mas poderão faltar a energia e o esforço necessários para manifestá-los.
Isto nos traz de volta à questão da criatividade, pois quanto mais criativos formos em nossa vida diária, quanto mais participarmos da maravilha da vida em toda sua confusa glória, mais aptos estaremos para transformar em realidade nossos próprios empreendimentos criativos quando chegar a hora certa.
Não podemos depender exclusivamente de um momento de inspiração para realizar nosso potencial, nem da emoção certa para trazer à tona tudo o que podemos ser. Precisamos também nos comprometer com o processo, trilhar o caminho através da escassez e da abundância e fazer o que for necessário para manifestar no mundo material os prazeres da nossa mente e coração.
Enquanto Mercúrio cruza seu grau de retrogradação entre meados de maio e 27 de junho, ele encerra as preocupações das últimas seis semanas e limpa o caminho para uma nova fase.
Antes de entrar nos reinos aquosos de Câncer, ele nos oferece mais alguns dias para pensarmos de forma lógica nas questões atuais, antes de nos envolvermos numa abordagem mais intuitiva para equilibrar a abordagem mental.
Ambas têm valor. Uma não é mais digna do que a outra e podemos agora reconhecer como elas trabalham juntas para nos oferecer uma apreciação equilibrada e coerente de toda informação disponível!
Respeitar uma e desprezar a outra é o mesmo que cortar a metade de nós mesmos e descartar uma grande porção do que nós somos. A mente e o coração devem trabalhar juntos e, assim fazendo, fornecer toda a orientação que precisamos para seguir adiante.
Aqui se encontra a chave para a criatividade: um relacionamento inteiro e equilibrado conosco mesmo, com os outros e com o mundo à nossa volta, que envolve e aceita os paradoxos e celebra a diversidade dentro e fora.
Uma conjunção entre Vênus e Júpiter em Leão no encerramento do mês celebra tudo que nós somos como indivíduos singulares e o poder que temos de mudar o mundo para o bem maior de todos.
Nós realizamos as mudanças não apenas reconhecendo que fazemos parte do todo, mas também nos destacando dele, para irradiarmos a luz exclusiva da nossa individualidade.
A tapeçaria iridescente da humanidade, repleta de texturas e tons diferentes, é tecida através de cada um de nós sendo o que é, compartilhando nossos dons, sendo honestos sobre nossas fraquezas e nunca desistindo do potencial que nós seres humanos temos de ajudar uns aos outros, transformando o mundo enquanto por aqui passamos.
© Sarah Varcas www.astro-awakenings.co.uk
Fonte: http://astro-awakenings.co.uk/june-2015-astro-energy-report
Tradução de Vera Corrêa veracorrea46@gmail.com
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