Nova
dimensão nos pertence: não mais buscamos o mundo, mas habitamos o
centro de nosso próprio ser, onde contemplamos a glória de Deus e
aguardamos que o mundo venha a nós.
“Quem
tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer
darei eu a comer do maná escondido.”
Apocalipse
2:17
“Quem
tem ouvidos”—aquele
que tem ouvidos espirituais, que consegue ouvir o inaudível —
permita-lhe que ouça. Permita-lhe ouvir o que diz o Espírito, não
o que eu digo, não o que diz o livro, não o que você gostaria de
dizer, mas o que diz o Espírito: “Ao
que vencer darei eu a comer do maná escondido”.
Toda
a mensagem de O CAMINHO INFINITOse resume na expressão
“maná escondido”. Maná escondido! Como isto é parecido com a
frase de Jesus: “A minha paz vos dou: não
vo-la dou como o mundo a dá” – não saúde física ou
riqueza material, um lar, um automóvel, não algo dado pelo mundo,
mas a Minha paz! A Minha paz é
algo que o mundo não reconheceria, mesmo estando cara a cara com
ela; tampouco a perceberia, mesmo estando a
experienciá-la. Minha paz! A paz que é sentida não
por estar o corpo saudável, ou a carteira cheia de dinheiro; não
por estar o lar feliz, próspero e jubiloso. Não, não, não!
A Minha paz é uma paz sentida interiormente, alheia
às condições externas, mas que acaba fazendo com que todas estas
últimas se alterem.
Eis
o mistério escondido. A paz, aquela que o mundo lhe dá, chega a
você pelas circunstâncias e condições externas. Se dispuser de
mais saúde ou riqueza, de uma casa mais ampla, de férias
prolongadas, isso tudo poderá lhe sugerir um estado de paz que será
temporário. O bem vindo de fora, e que hoje você desfruta, talvez
amanhã venha a ser-lhe tomado. Mas a Minha paz é
diferente. A Minha paz é uma atividade de
recebimento e de fluxo que se dá em seu próprio âmago; assim,
jamais depende de algo: é autogerada e autossustida. A Minha paz
aflora de um manancial oculto internamente, trazendo com ela o bem
que jamais o abandonará.
Em
outras palavras, a paz conscientizada interiormente sempre
estabelecerá a harmonia de seu mundo exterior. Este é o “maná
escondido”; este é o alimento citado por Cristo, quando
disse: “Uma comida tenho para comer, que vós não
conheceis”. Este é o alimento oculto, o alimento
espiritual. Quando ele disse: “Nem só de pão viverá o
homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”, referia-se
àquele pão espiritual, àquela substância e suprimento
espirituais—não a alimentos ou circunstâncias exteriores.
O
mundo está em busca de paz, harmonia, integridade e satisfação:
mas, está buscando onde julga ser capaz de conseguir, ou seja,
externamente, no mundo lá fora. Existe a possibilidade de se
desfrutar paz, prosperidade e satisfação vindas de fora, enquanto
durar aquela condição específica; entretanto, a satisfação
obtida externamente geralmente é perdida, e a pessoa acaba quase
sempre indo à cata de “brinquedos novos”.
A
vida se transforma totalmente, tão logo você assimile firmemente a
grandiosa Verdade de que “a palavra que sai da boca de
Deus” é a substância da vida, e passar a compreender o
sentido profundo das seguintes passagens da Bíblia:
·
“Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.” -(João
4:32)
·
“Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me
de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.” -(João
4:10.14.)
·
“Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido.”
-(Apocalipse 2:17.)
Tão
logo passe a observar que o que é exterior e palpável é mero
produto do que é invisível, você deixará de avaliar seu
suprimento em função de quantas maçãs, pêssegos ou moedas é
possuidor, mas sim em função de quantos contatos com Deus foram
feitos.
Todo
bem que porventura lhe surgir na vida será consequência da
atividade da Verdade em sua consciência. Em outras palavras, se a
sua consciência de amanhã for idêntica à de hoje, não fique na
expectativa de que surgirão amanhã frutos diferentes daqueles que
você possui hoje. Para o amanhã lhe trazer uma condição renovada
é preciso que hoje, em sua consciência, alguma atividade diferente
esteja acontecendo. Se pretende colher frutos espirituais em sua
vida, terá de “deixar suas redes”, eliminando de si mesmo
quaisquer galhos que o estejam prendendo àqueles já mortos. Você
não entrará na presença de Deus levando junto os seus fardos. Não
irá a Ele levando algum desejo de que Deus faça, seja, ou consiga
alguma coisa para você… mas terá de purificar todos os seus
anseios humanos, pela conscientização da Graça divina. Deverá
abrir mão do passado e do futuro; deverá abandonar todo o desejo
por alguma pessoa, lugar, coisa, circunstância ou condição,
abandonar inclusive a espera pelo paraíso.
A
presença de Deus está em seu interior, e precisa ser percebida
conscientemente; mas, esta conscientização somente se realizará
para aquele que estiver buscando Deus com este objetivo exclusivo e
único: a busca de Deus em Si. Todo aquele que vinha
buscando a Deus e perdeu o rumo, perdeu-o por ter buscado a Deus por
algum outro motivo: por uma cura, por suprimento, por um lar, por
felicidade, ou por outra coisa qualquer. Deus não pode ser alcançado
dessa maneira. Deus pode ser alcançado somente de um modo: pela
completa renúncia a tudo, excetuando o desejo único de se abrir à
“Graça que é a sua suficiência”. Pense no que representa ter a
Graça divina. Pense no que representa ter a paz do Cristo,
a Minha paz que o Cristo lhe pode dar; não a paz do
mundo, não a saúde ou o dinheiro, não a posição, lugar ou poder:
unicamente a paz espiritual. Pense no significado de você somente
desejar a Minhapaz, a paz do Cristo, sem o mínimo
pensamento sobre o que ela irá fazer ou conseguir para você!
Isto
somente lhe ocorrerá à medida que conscientizar esta paz no
interior de sua própria consciência. Abra mão de tudo,
dizendo: “Não quero viver de pão, somente, mas de toda
palavra que sai da boca de Deus”. Assim, logo em seguida
ocorrerá o “milagre”.
Ao
se despojar das dependências materiais e humanas, palavras como
“você”, “ele” ou “ela” tenderão a diminuir e quase
sumir de seu vocabulário. Não ficará pensando mais com tanta
frequência sobre um “você”, um “ele” ou “ela” de quem,
até então, vinha esperando tanto. A cada necessidade que surgir em
sua vida, seu primeiro pensamento será voltar-se ao Cristo. Do
Cristo, e através do Cristo, todo bem lhe haverá de chegar: não
por algum “você”, “ele” ou “ela”, mas única e
exclusivamente pelo Cristo.
É
bem verdade que o Cristo aparecerá na forma de algum veículo
humano. Talvez ocorra de seu bem lhe chegar através de mim, ou de
meu bem me chegar através de você; entretanto, nem ele virá de
você para mim, nem ele irá de mim para você. Jamais eu iria
esperá-lo de você, nem você esperá-lo de mim. Eu contaria somente
com o Cristo de meu próprio ser, e este Cristo apareceria como você.
Por sua vez, também você iria esperar a mensagem da Verdade somente
do Cristo de seu próprio ser, que poderia, hoje, estar-lhe vindo
pela minha pessoa, e, amanhã, por alguma outra; mas, nesta ou
naquela condição, continuaria sempre sendo o Cristo de seu próprio
ser, revelando-Se a você.
Quanto
menos personalizar seu bem e os canais pelos quais ele lhe chega,
permitindo o aparecimento do Cristo na forma que se lhe fizer
necessária a cada momento, mais comprovará esse mecanismo em sua
vida. Tão logo passar a conscientizar o Cristo como a origem e a
fonte de seu bem, contemplando-O continuamente, assim Ele Se
manifestará.
Talvez,
em algum momento, você fosse levado a pensar: “Será que mereço
este bem? Serei digno dele? Terei a compreensão necessária para
recebê-lo? Terei tempo necessário para estudar, ler e orar o
necessário para obtê-lo?” Gostaria que soubesse o seguinte: o seu
bem não depende de coisa alguma que você pudesse estar a fazer: ele
é a pura atividade do Cristo em sua consciência, ao qual você se
mantém aberto.
Nada
pode paralisar a mão de Deus, nem mesmo seus supostos pecados de
omissão ou comissão. Nada que faça ou que tenha deixado de fazer
irá barrar o fluir divino. Este fluxo independe da quantidade de
leitura espiritual que tenha feito, de idas à igreja, ou de estudo e
meditação. Estes são apenas fatores auxiliares na abertura de sua
consciência. E este é o único objetivo de todos eles. Deus não
está jamais esperando sentado, até você se tornar bondoso ou
espiritualizado, ou até terminar de ler centenas de páginas sobre a
Verdade, ou meditar por determinado número de horas.
O
Cristo é a realidade de seu ser agora. Ele está à espera, mas é
você que deverá deixá-Lo entrar: primeiramente, exterminando a
crença de que Ele seja algo externo ao seu ser; em segundo lugar,
permitindo o Seu fluir, através da sua conscientização de
sua onipresença.
Se
você acreditar, por um segundo que seja, que seu bem depende de algo
que possa humanamente fazer ou deixar de fazer, estará se excluindo
do fluxo divino. Deus em Si está fluindo infinitamente, e a única
barreira à totalidade de Sua expressão é proporcional à sua
crença de que o bem divino é dependente daquilo que você faz ou
deixa de fazer. Qualquer que seja a atividade espiritual de que faça
parte, saiba que o objetivo dela não é o de receber o bem de Deus,
mas o de ensiná-lo como abrir sua consciência ao Seu influxo.
Jamais
creia que possa provocar ou impedir o fluir divino. Ele já está
pleno e completo no interior de seu próprio ser, aguardando seu
reconhecimento de sua plenitude no Cristo. Embora escarlates possam
ser seus pecados, você é alvo como a neve. Apenas não recaia, não
volte a pecar: não retorne à crença de um senso separatista de
Deus, Não volte a buscar seu bem no exterior, pois, uma vez
aprendido que o reino de Deus está em seu interior, e que deve
permitir seu fluir de dentro para fora, se retornar à tentativa de
novamente buscá-lo no exterior, isto lhe causará uma sensação de
separatividade mais profunda ainda, nunca antes sentida. Não faça
isso! Não retroceda! “Vai-te,
e não peques mais.” Não
retroceda para não se prejudicar, caso alguém não esteja agindo
conforme sua expectativa, isto é, perdoando-o, dando-lhe cooperação
ou reconhecendo as suas virtudes. Não retroceda àquilo! Solte-o!
Conceda-lhe perdão! Deixe-o ir! Você está a sós com seu Deus.
Você está a sós em seu Ser
divino.
Há
períodos em que você se vê diante de alguma aparência de
conflito, desarmonia, dor, escassez ou limitação: em tais casos,
costuma ser tentado a fazer esforços mentais, empenhando-se em
vigorosas mentalizações, afirmações e negações, na esperança
de achar harmonia e paz. Inverta agora esse mecanismo! Sempre que
surgir alguma aparência de discórdia, relaxe. Não faça o mínimo
esforço mental! Lembre-se: o seu bem não lhe virá “pela
força ou pelo poder, mas pelo suave Espírito”. O seu bem
não lhe virá pelas suas lutas e esforços mentais, mas sim das
profundezas do seu ser, na quietude, no silêncio e na confiança.
Você
não tentará obter uma cura. Irá aquietar-se e deixar que venha a
“pequenina voz suave”. Deixará que o Espírito desça sobre
você. Fique descansado, exatamente agora, em meio a qualquer doença,
carência, discórdia ou desarmonia que porventura o estiver
perturbando. Repouse! Relaxe!
“Minha
Graça é a tua suficiência… Eu nunca o deixarei nem o
abandonarei.” Para
que lutar como se necessitasse de se agarrar a Mim?Como
se tivesse de buscar-Me? Ou
de procurar-Me?
Eu estou
em seu próprio íntimo, “mais próximo que seu fôlego, mais perto
que suas mãos e pés.”
Se
você sabe dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais Eu, seu
Pai celestial, não saberei fazê-lo? Não se esforce para
consegui-las. Eu as darei a você.Eu lhe
darei água. Não desça balde em poços à procura dela. Eu lhe
darei água. Quanto a você, fique quieto, deixe que Eu o
alimente… deixe que Eu sacie sua sede. Deixe
que Eu, em seu âmago, seja a influência curadora.
O Cristo curador.
Não
tente fazer de sua mente ou pensamentos o Cristo curador. “Os
meus pensamentos não são os teus pensamentos, nem os meus caminhos
são os teus caminhos.” Por que não abre mão de seus
pensamentos nem deixa de lado os seus caminhos? Deixe que
os Meus pensamentos assumam o comando. Permaneça
repousado dando ouvidos a Mim. – a pequenina Voz
suave do centro de seu ser. Eu nunca o deixarei nem
o abandonarei. Mesmo “no vale da sombra da morte”, Eu ali
estarei. Você jamais conhecerá a morte; jamais morrerá. Por quê?
Porque Eu lhe darei água viva que salta para a Vida
eterna.
Assim,
se permanecer ouvindo a Minha Voz suave, se
em Meus braços eternos relaxar, se em Mim repousar,
se deixar que Eu o alimente, mantenha e sustente
cada palavra que de Minhaboca proceder, jamais você
morrerá.
Eu
nunca conheci um justo a mendigar pão. Que é um justo? Aquele que
repousa em unidade comigo. Relaxe, pois, na contemplação
do Meu amor, de Minha presença.
O Meu espírito está junto a você;
a Minha presença segue à sua frente.
“Na
casa do Pai há muitas moradas…; vou preparar-vos lugar.”
Por certo que vou. Sendo assim, deixe de se preocupar. Pare, pare,
pare de temer; pare de duvidar. Pare de tanto insistir com
declarações, afirmações e negações. Deixe ir tudo! Repouse
em Mim, repouse
em Meusbraços. Eu, seu
Pai celestial, sei que necessita destas coisas, e é do Meu agrado
a você concedê-las—não querendo que você se esforce por elas;
não querendo que dê “tratamentos espirituais” para
consegui-las; mas, é do Meuagrado
a você concedê-las, pela Graça. Não pela força, não pelo poder,
mas por Meu Espírito.
Tudo lhe é possível realizar através de Mim, o
Cristo de seu próprio ser.
Deixe
que o Cristo seja o canal pelo qual você é alimentado, vestido,
abrigado, confortado, protegido, curado, sustentado e mantido. Sempre
que surgir em seu horizonte alguma aparência de discórdia, relaxe
mais, repouse mais, permaneça ainda mais em paz, certo da presença
divina em seu interior. Confie em seu Eu, confie no
Cristo do centro de seu próprio ser.
Creia
na existência de uma Presença cuja função única é abençoá-lo,
bendizê-lo e ser instrumento da Graça de Deus. Confie nEla. “Não
deposite sua confiança em príncipes”—creia somente em Deus.
Não viva mais de pão, ao menos não somente de pão, mas de toda
palavra, de cada promessa bíblica, que deverá ser cumprida em
você. “Para onde tu fores, irei também eu” … Eu darei
ao vencedor o maná escondido.”
Este
“maná” está escondido dentro de você. O mundo não consegue
vê-lo; o senso comum não consegue conhecê-lo; os seres humanos não
conseguem compreendê-lo. Ele está escondido do mundo. Escondido
onde? Nas profundezas de seu próprio ser!
Retire
sua atenção de homens e mulheres do mundo. Retire sua fé e
dependência a pessoas do mundo, das circunstâncias e condições do
mundo; e, em sua lembrança, fique somente com este
conhecimento: profundamente, em seu interior, existe alimento
que o mundo desconhece; há mananciais de água e maná escondidos,
tudo já incorporado interiormente ao seu próprio ser.
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