domingo, 23 de outubro de 2016
MENTALIDADE ERRADA:
O SISTEMA DE PENSAMENTO DO EGO-UM CURSO EM MILAGRES
A MENTALIDADE DO EGO
Grifos em Negrito;Mônica F De
Jardin
Os dois sistemas de pensamento que são críticos para a
compreensão de Um Curso em Milagres são a mentalidade errada e a mentalidade
certa.
Como eu disse no post anterior, a mentalidade errada pode ser equiparada ao ego.
A mentalidade certa pode ser
equiparada ao sistema de pensamento do Espírito Santo, que é o perdão.
O sistema de pensamento do ego
não é muito feliz.
O Curso torna muito claro que
tanto o ego quanto o Espírito Santo são perfeitamente lógicos e consistentes em
si mesmos.
São também mutuamente
exclusivos.
Todavia, nos ajuda muito compreender exatamente o que é a lógica
do ego,
porque ele e muito lógico.
Assim, uma vez que você perceba essa seqüência lógica, muitos
pontos no texto, que de outra forma parecem obscuros, tornam-se bastante
evidentes.
Uma das dificuldades ao estudarmos Um Curso
em Milagres é que ele não se parece com nenhum dos outros sistemas de
pensamento.
A maioria procede de uma forma linear na qual você começa com
idéias simples e vai construindo em cima delas em direção a complexidade.
O Curso não é assim.
O sistema de pensamento do
Curso é apresentado de um modo circular
Parece andar em círculos sempre
em volta do mesmo ponto uma e outra vez.
Vamos pensar na imagem de um
poço: você vai andando em círculos em volta do poço indo cada vez mais para
baixo até chegar ao fundo.
E o fundo desse poço seria
a Fonte/Deus.
Mas você continua andando em volta do mesmo círculo.
Acontece que ao seguir cada vez mais para baixo, você se
aproxima da fundação do sistema do ego.
Mas é sempre a mesma coisa.
E é por isso que o texto diz a mesma coisa uma e outra vez.
Como é quase impossível compreender isso da primeira vez, ou da
centésima vez, você precisa das páginas.
E um processo, e essa é uma das coisas que distinguem Um Curso em Milagres dos
outros sistemas de espiritualidade.
Apesar de ser apresentado como um sistema de pensamento bastante
intelectualizado, é realmente um processo experimental.
É escrito deliberadamente dessa forma, pois parte de um ponto de
vista pedagógico e pretende nos fazer estudar de um modo diferente daquele que
usaríamos para qualquer outro sistema, conduzindo-nos em volta desse poço.
No processo de trabalhar com o
material do Curso, e com o material das nossas vidas pessoais, nos
compreenderemos cada vez mais o que o Curso nos diz.
Contudo, eu acho que nos ajuda bastante abordar o sistema de
pensamento do ego de um ponto de vista linear, para podermos compreender como
ele é construído.
Isso fará com que
seja mais fácil lermos o texto
Pecado, culpa, e medo
Ha três idéias centrais para a compreensão do sistema de
pensamento do ego.
Esses são os fundamentos de todo o sistema: o pecado, a culpa, e o medo.
Sempre que vocês virem a palavra ‘pecado’ no Curso,
podem substituí-la pela palavra ‘separação’, porque as
duas são a mesma.
O pecado pelo qual nós nos sentimos mais culpados, que em última
instância é a fonte de toda a nossa culpa, é o pecado de acreditarmos que
estamos separados da Fonte/ Deus, o tópico que acabamos de descrever. Isso é em
princípio a mesma coisa que as igrejas ensinaram como o ‘pecado original’.
A descrição no terceiro capítulo do Gênesis nos dá um
relato perfeito do nascimento do ego.
De fato, o primeiro subtítulo do Capítulo no texto fala sobre
isso (T-I. -).
Assim o início do ego é acreditarmos que estamos separados da
Fonte/Deus.
O pecado é isso: acreditarmos que nos separamos de nosso Criador
e constituirmos um ser que é separado do nosso Ser verdadeiro.
O Ser é sinônimo de Cristo.
Sempre que vocês virem a palavra ‘Ser’ com letra
maiúscula, podem substituí-la por ‘Cristo’.
Nós acreditamos que
constituímos um ser (com ‘s’ minúsculo) que é a nossa verdadeira identidade e esse ser é autônomo com
relação ao nosso Ser real e com relação a Deus
Esse é o começo de todos os problemas no mundo: acreditarmos que somos indivíduos separados da Fonte/ Deus.
Uma vez que acreditamos que cometemos
esse pecado, ou uma vez que acreditamos que cometemos qualquer pecado, é psicologicamente
inevitável nos sentirmos culpados por aquilo que acreditamos que fizemos.
Em certo sentido, a culpa pode ser
definida como a experiência de termos pecado.
Assim, podemos básicamente usar
pecado e culpa como sinônimos: uma vez que acreditamos que pecamos é impossível
não acreditarmos que somos culpados, passando a sentir o que conhecemos como
culpa.
Quando Um Curso em Milagres
fala sobre culpa, usa a palavra de modo um pouco diferente daquele no qual ela
é usada geralmente, que quase sempre serve para conotar que eu me sinto culpado
por aquilo que fiz ou deixei de fazer.
A culpa está sempre ligada a coisas específicas do nosso passado.
Mas essas experiências conscientes de culpa são apenas como o topo
de um iceberg.
Se vocês pensarem num iceberg, abaixo da superfície do mar está
essa massa gigantesca que representaria o que é a culpa.
A culpa é realmente a soma total de todas as crenças, experiências
e sentimentos negativos que jamais tivemos sobre nós mesmos.
Assim, a culpa pode ser qualquer forma de ódio ou rejeição de si
mesmo;
sentimentos de incompetência, fracasso, vazio, ou a sensação de
que há coisas em nós que estão faltando, ou estão perdidas, ou são incompletas.
A maior parte dessa culpa é inconsciente; é por isso que a
imagem de um iceberg é tão útil.
A maior parte das experiências que nos indicariam o quanto nós
nos sentirmos mal estão abaixo da superfície da nossa mente consciente, o que
faz com que sejam virtualmente inacessíveis a nós.
E a maior fonte de toda essa
culpa é acreditarmos que pecamos contra a Fonte/ Deus por nos separarmos d’Ele.
Como resultado disso, vemos a
nós mesmos separados de todas as outras pessoas e do nosso Ser.
Uma vez que nos sentimos
culpados é impossível não acreditarmos que seremos punidos pelas coisas
terríveis que acreditamos ter feito e pelas coisas terríveis que acreditarmos
ser.
Como o Curso nos ensina, a culpa sempre exige punição.
Uma vez que nos sentimos culpados, acreditaremos que temos que
ser punidos pelos nossos pecados.
Psicologicamente não há nenhuma forma de evitarmos esse passo.
Então teremos medo.
Todo medo, não importa qual pareça ser a sua causa no mundo, vem
da crença de que eu devo ser punido pelo que fiz ou pelo que não fiz.
E assim terei medo do que será essa punição.
Por acreditarmos que o objeto último do nosso pecado é a Fonte/Deus,
contra o qual pecamos por nos separarmos d’Ele, acreditaremos
então que será o próprio Deus que virá nos punir.
Quando lemos a Bíblia e nos
deparamos com todas aquelas passagens terríveis sobre a ira e a vingança de
Deus, agora sabemos onde elas tiveram origem.
Isso nada tem a ver com Deus
como Ele é, já que Deus é apenas Amor.
Todavia isso tem tudo a ver com
as projeções da nossa culpa sobre Ele.
Metafóricamente, não foi Deus quem expulsou Adão e Eva do Jardim do
Éden; Adão e Eva expulsaram a si mesmos do Jardim do Éden.
O Curso nos fala dos quatro
obstáculos para a paz, e o último obstáculo é o medo da Fonte/ Deus (T-IV-D).
O que fizemos, e claro, por nos
tornarmos amedrontados em relação a Deus, foi transformar o Deus do Amor em um
Deus de medo: um Deus de ódio, punição e vingança.
E justamente isso que o ego quer que façamos.
Uma vez que nos sentimos culpados, pouco importa de onde
acreditamos que venha essa culpa, também acreditarmos não apenas que somos
culpados, mas que Deus nos vai atacar e matar.
Assim, Deus, que é o nosso Pai cheio de amor é nosso único Amigo,
vem a ser nosso inimigo.
E Ele é um inimigo e tanto, nem
sequer é preciso dizer.
Mais uma vez, essa é a origem de
todas as crenças que encontramos na Bíblia, ou em qualquer outro lugar, sobre
Deus como um Pai que nos vai punir.
Acreditar que Ele é assim é
atribuir-Lhe as mesmas qualidades egóticas que nós temos.
Como disse Voltaire:
“Deus criou o homem a Sua
própria imagem e depois o homem Lhe devolveu o cumprimento”.
O Deus que nós criamos é realmente a imagem de nosso próprio ego.
Ninguém pode existir nesse mundo com esse grau de medo e terror, e
com essa intensidade de ódio e culpa contra si mesmo na sua mente consciente.
Seria absolutamente impossível para nós vivermos com essa
quantidade de ansiedade e terror, isso nos devastaria.
Portanto, tem que haver algum meio de lidarmos com isso.
Como não podemos ir á Fonte/ Deus em busca de ajuda, já que
dentro do sistema do ego nós transformamos Deus em um inimigo, O único outro
recurso disponível é o próprio ego. Diálogo interior;
-Nós vamos ao ego em busca de ajuda e dizemos:
“Olhe, você tem que fazer alguma coisa, eu não posso tolerar
toda essa ansiedade e todo o terror que sinto.
Ajude-me!”
O ego, fiel à sua forma, nos oferece uma ajuda que não nos ajuda
absolutamente, embora pareça que sim. A ‘ajuda’ vem em duas formas básica;-.
Negação e projeção
-No Curso, ‘ego’ é usado
básicamente com a mesma conotação que existe no Oriente.
Em outras palavras, o ego é o ser com letra minúscula.
Para Freud, o ego é apenas uma parte da psiquê, que consiste do
id
(o inconsciente), o superego (o consciente), e o ego,
que é a parte da mente que integra tudo isso.
O Curso usa a palavra ‘ego’ de formas
que seriam básicamente equivalentes a psiquê total de Freud.
Vocês simplesmente tem que fazer essa transição para trabalhar
com o Curso.
Incidentalmente, o único erro de Freud foi monumental;
Ele não reconheceu que toda a
psiquê era uma defesa contra o nosso verdadeiro Ser, a nossa verdadeira
realidade.
Freud tinha tanto medo da sua
própria espiritualidade que ele teve que construir todo um sistema de
pensamento que era virtualmente impregnável à ameaça do espírito.
E ele, de fato, fez exatamente
isso.
Mas foi brilhante ao descrever
como a psiquê ou o ego trabalham.
O seu erro, mais uma vez, foi
não reconhecer que a coisa toda era uma defesa contra á Fonte/Deus.
Particularmente notáveis foram as
contribuições de Freud na área dos mecanismos de defesa, ajudando-nos a
compreender como nos defendemos contra toda a culpa e medo que sentimos.
Quando vamos ao ego em busca de
ajuda, abrimos um livro de Freud e achamos duas coisas que nos vão ajudar
muito.
A primeira é repressão ou negação.
(O Curso nunca usa a palavra ‘repressão’; ele usa a palavra ‘negação’.
Mas vocês podem usar uma ou outra.)
O que fazermos com essa culpa, esse
senso de pecado, e com todo esse terror que sentimos é fazer de conta que não
existem.
Nós apenas os empurramos para o fundo, fora da consciência, e esse
empurrar para baixo é conhecido como repressão ou negação.
Apenas negamos a sua existência para nós mesmos.
Por exemplo, se estamos com muita preguiça de varrer o chão,
varremos a sujeira para baixo do tapete e então fazemos de conta que não está
ali;
ou um avestruz que quando tem medo apenas enfia a cabeça na areia
para não ter que lidar com o que o ameaça tanto, nem sequer se defrontar com
isso.
Bem, isso não funciona por razões óbvias.
Se continuamente varremos a sujeira para baixo do tapete, ele vai
ficar cheio de caroços e nós eventualmente vamos tropeçar, enquanto o avestruz
pode se ferir muito continuando com a sua cabeça virada para baixo.
Mas, em algum nível, sabemos que a nossa culpa está lá.
Assim, vamos ao ego mais uma vez para lhe dizer que “negar foi
ótimo,
mas você vai ter que fazer alguma outra coisa.
Esse negócio vai subir e eu vou explodir.
Por favor, ajude-me.”
E aí o ego diz: “Eu tenho a coisa certa para você.”
Ele nos diz para procurar na página tal e tal na Interpretação
dos Sonhos de Freud e lá nos achamos o que se conhece como projeção.
Provavelmente não há nenhuma idéia em Um Curso em Milagres que seja
mais crítica para a nossa compreensão do que essa.
Se vocês não compreenderem a
projeção, não compreenderão única palavra no Curso, nem em termos de como o ego
funciona, nem em termos de como o Espírito Santo vai desfazer o que o ego tem
feito.
Projeção muito simplesmente
significa que você tira alguma coisa de dentro de si mesmo e diz que realmente
isso não está aí; está fora de você,
dentro de outra pessoa.
A palavra em si literalmente significa jogar fora, atirar algo a
partir de, ou em direção a alguma outra coisa ou pessoa, e isso é o que todos
nós fazermos na projeção.
Nós tomamos a culpa ou o pecado
que acreditamos estar dentro de nós e dizemos:
Isso não está realmente em mim,
está em você.
Eu não sou culpado, você é
culpado.
Eu não sou responsável por ser
miserável e infeliz, você sim é culpado pela minha infelicidade.
Do ponto de vista do ego, não
importa quem seja o ‘você’.
Para o ego, não importa em cima
de quem você projeta, contanto que ache alguém para descarregar a sua culpa.
E assim que o ego nos diz para
nos livrarmos da culpa.
Assim, tomamos os nossos pecados e dizemos que eles não estão em
nós,
estão em você.
Com isso colocamos uma distância entre nós mesmos e nossos
pecados.
Ninguém quer estar perto de seus próprios pecados, e assim nós
os tiramos de dentro de nós e os colocamos em outra pessoa e depois banimos
essa pessoa de nossa vida.
Há duas formas básicas de fazermos isso.
Uma é nos separarmos físicamente dela; a outra é nos separarmos
psicologicamente.
A separação psicológica é realmente a mais devastadora e também
a mais sutil.
O modo de nos separarmos de outras pessoas, uma vez tendo
colocado nossos pecados sobre elas, é atacá-las ou ficar com raiva.
Qualquer expressão da nossa
raiva—seja na forma de um leve toque de aborrecimento ou fúria intensa (não faz
nenhuma diferença; elas são a mesma [L-pI.: -J)— é sempre uma tentativa de justificar a projeção da nossa culpa,
não importa qual pareça ser a causa da nossa raiva.
Essa necessidade de projetar a
nossa culpa é a raiz da causa de toda a raiva.
Você não tem que concordar com o que as outras pessoas dizem ou fazem,
mas no minuto em que experimenta uma reação pessoal de raiva, julgamento ou
crítica, isso vem sempre porque você viu naquela pessoa alguma coisa que negou
em Si mesmo.
Em outras palavras, você está
projetando o seu próprio pecado e culpa naquela pessoa e os ataca lá.
Mas dessa vez, você não os está
atacando em si mesmo, e sim naquela outra pessoa, que você quer tão longe
quanto possível.
O que você realmente quer fazer é
conseguir que o seu pecado fique tão longe de si mesmo quanto possível.
Quando se tem essa compreensão é
interessante entrar no Novo Testamento e ver como Jesus era contra isso.
Ele abraçou todas as formas de
sujeira que as pessoas tinham definido e viam como parte essencial de sua
religião manterem-se separadas daquilo tudo.
Ele fazia questão de abraçar os
elementos sociais identificados pela lei judaica como proscritos, como se estivesse dizendo:
“Você não pode projetar a sua culpa nas outras pessoas.
Você tem que identificá-la em si mesmo e curá-la onde ela está.”
E por isso que Os evangelhos dizem
coisas tais como você deve limpar o interior do seu copo e não o exterior; não
se preocupe com o argueiro no olho do seu irmão, preocupe-se com a trave no
seu; não é o que entra no homem que faz com que ele não seja limpo, mas o que
vem de seu interior.
O sentido disso e exatamente o mesmo encontrado no Curso: a fonte
do nosso pecado não esta fora, mas dentro.
Mas a projeção busca fazer com que vejamos nossos pecados fora de
nós,
procurando então resolver o problema do lado de fora de modo que
nunca possamos perceber que o problema esta dentro da gente.
Quando vamos ao ego em busca de
ajuda e dizemos:
“Ajude-me a me livrar da minha
culpa,” o
ego diz:
“Está bem, o meio de você se livrar da sua culpa é em primeiro
lugar reprimi-la, depois projetá-la para outras pessoas.
E assim que você se livra da sua culpa.”
O que o ego não nos diz é que projetar a culpa é um ataque e é a
melhor maneira de conservarmos a culpa.
O ego não é nenhum tolo: ele
quer que continuemos culpados.
Um Curso
em Milagres nos fala da “atração
da culpa” (T-IV-A. -).
O ego é muito atraído pela culpa, e os seus motivos são óbvios
uma vez que você se lembre do que ele é.
A explicação racional do ego para os seus conselhos de negação e
projeção é a seguinte: o ego não é nada mais do que uma crença, a crença segundo a qual a
separação é real.
O ego é o falso ser que
aparentemente passou a existir quando nós nos separamos de Deus.
Portanto, enquanto acreditarmos
que a separação é real, o ego continua em cena.
Uma vez que acreditarmos que não há nenhuma separação, então o
ego está terminado.
Como nos diz o Curso, o ego e o mundo que ele fez desaparecem no
nada de onde ele veio (M-l:).
O ego não é nada realmente.
Enquanto acreditarmos que aquele pecado original ocorreu, que o
pecado da separação é real, estamos dizendo que o ego é real.
É a culpa que nos ensina que o pecado é real.
Qualquer sentimento de culpa é sempre uma declaração que diz:
“Eu
pequei”.
E o significado último do pecado é que eu me separei da Fonte/
Deus.
Portanto, enquanto eu acreditar que o meu pecado é real, sou
culpado.
Quer eu veja o meu pecado em mim ou em outra pessoa, estou
dizendo que o pecado é real, e que o ego é real.
O ego, portanto, tem interesse
em nos manter culpados.
Sempre que o ego seja
confrontado com a impecabilidade, ele vai atacá-la, pois o maior pecado contra
o sistema de pensamento do ego é ser sem culpa.
Se você é sem culpa, você
também é sem pecado, e se você é impecável,
não há ego.
Há uma frase no texto que diz:
“Para o ego, os que não tem culpa são culpados” (T-II.:), porque ser sem culpa é pecar contra o mandamento do ego:
“Tu serás culpado”.
Se você não tem culpa, você então passa a ser culpado por não
ter culpa.
Assim sendo, o propósito fundamental do ego é manter-nos
culpados.
Mas ele não nos pode dizer isso porque, se o fizer, não vamos
prestar nenhuma atenção a ele então ele nos diz que se seguirmos o que ele nos
aconselha, ficaremos livres da nossa culpa.
E o modo de conseguirmos isso, mais uma vez, é negar a sua
presença em nós, vê-la em alguma outra pessoa e depois atacar essa pessoa.
Assim ficaremos livres da nossa culpa.
Mas, o que ele não nos diz é que atacar é o melhor meio de nos
manter culpados.
Isso é verdade porque, como declara um outro axioma psicológico,
sempre que você ataca uma pessoa qualquer, seja na sua mente ou de fato, você
se sentirá culpado.
Não há forma alguma de ferir qualquer um, seja em pensamento ou
atos,
que não acarrete sentimentos de culpa.
Você pode não experimentar a culpa—por exemplo, psicopatas não
experimentam a própria culpa—mas isso não significa que em um nível mais
profundo não se sintam culpados.
Nesse ponto, o que o ego faz, e
de modo muito astuto, é estabelecer um ciclo de culpa e ataque através do qual
quanto mais culpados nos sentimos, maior será a nossa necessidade de negar a
culpa em nós mesmos atacando uma outra pessoa por isso.
Contudo, quanto mais atacamos
um outro, maior será a nossa culpa pelo que fizemos, pois em algum nível
reconhecemos que atacarmos aquela pessoa falsamente.
Isso só nos fará sentir culpa e
manterá a coisa toda indefinidamente.
É esse ciclo de culpa e ataque
que faz o mundo girar, não é o amor.
Se alguém lhe diz que o amor
faz o mundo girar, esse alguém não sabe grande coisa sobre o ego.
O amor é do mundo de Deus e é
possível refletir esse amor neste mundo.
Todavia, neste mundo o amor não
tem lugar.
O que tem lugar é culpa e
ataque, e é essa a dinâmica que está tão presente em nossas vidas, seja a nível
individual, ou seja a nível coletivo
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Excerto do livro texto-capítulo
3
Além da percepção
1. Tenho dito que as capacidades
que possuis são apenas sombras da tua força real e que a percepção – que é
inerentemente julgadora – só foi introduzida depois da separação.
Ninguém tem estado seguro de nada desde então.
Também fiz com que ficasse claro que a ressurreição foi o meio
para o regresso ao conhecimento, realizado pela união da minha vontade com a do
meu Pai. Podemos agora estabelecer uma distinção que esclarecerá algumas das
nossas declarações subsequentes.
2. Desde a separação,
as palavras «criar» e «fazer» passaram a ser confusas.
Quando fazes alguma
coisa fazes a partir de um sentimento especifico de falta ou de necessidade.
Qualquer coisa feita
para um propósito específico não tem nenhuma generalizabilidade verdadeira.
Quando fazes alguma
coisa para preencher uma falta percebida, estás a demonstrar tacitamente que
acreditas na separação.
O ego inventou muitos
sistemas de pensamento engenhosos com este propósito.
Nenhum deles é
criativo.
A inventividade é um
esforço desperdiçado mesmo na sua forma mais engenhosa.
A natureza altamente
específica da invenção não é digna da criatividade abstrata das criações de
Deus.
3. «Conhecer», como já
observamos não conduz ao «fazer».
A confusão entre a tua criação real e o que tens feito de ti
mesmo é tão profunda que passou a ser literalmente impossível para ti conhecer
qualquer coisa.
O conhecimento é sempre estável e é bastante evidente que tu não
és.
No entanto, és perfeitamente
estável tal como a Fonte/ Deus te criou. Neste sentido, quando o teu
comportamento é instável, estás distorcendo a idéia de Deus com respeito à tua
criação.
Tu podes fazer isto, se assim
escolheres, mas dificilmente quererás
fazê-lo se estiveres na tua
mente certa.
4. A questão fundamental que te perguntas contínuamente não
pode, de maneira nenhuma, ser dirigida a ti mesmo de forma adequada.
Continuas a perguntar o que és. Isto significa que a resposta,
não só é uma resposta que conheces, mas também que depende de ti supri-la.
Entretanto, não podes entender-te a ti mesmo corretamente.
Não tens nenhuma imagem para ser percebida.
A palavra «imagem» está sempre relacionada com a percepção e não é uma parte do
conhecimento.
Imagens são simbólicas e
representam alguma coisa.
A idéia de «mudar a tua imagem» reconhece o poder da percepção, mas também significa que não há
nada estável para conhecer.
5. Conhecer não está aberto à interpretação.
Podes tentar «interpretar» o significado, mas isso é sempre
passível de erro, porque se refere à percepção do significado.
Tais incongruências são o resultado
das tentativas de te considerares a ti mesmo como separado e não separado, ao
mesmo tempo.
É impossível fazer uma confusão
tão fundamental sem aumentar ainda mais a tua confusão geral.
A tua mente pode ter passado a
ser muito engenhosa, mas como sempre acontece quando método e conteúdo estão
separados, a mente é usada para fazer uma tentativa fútil de escapar de um
impasse inescapável.
A engenhosidade é totalmente divorciada do conhecimento, porque
o conhecimento não requer engenhosidade.
O pensamento engenhoso não é a verdade que te libertará, mas tu
estás livre da necessidade de te comprometeres com o pensamento engenhoso
quando estás disposto a abandoná-lo.
6. A oração é um modo de pedir alguma coisa.
É o veículo dos milagres.
Mas a única oração significativa é a que perde o perdão, porque
aqueles que foram perdoados têm tudo.
Uma vez que o perdão tenha sido aceito, a oração, no sentido
usual, passa a não ter qualquer significado.
A oração pelo perdão não é mais
do que um pedido para que possas ser capaz de reconhecer o que já possuis.
Ao elegeres a percepção no
lugar do conhecimento colocaste-te numa posição na qual só poderias parecer-te
com o teu Pai percebendo milagrosamente.
Perdeste o conhecimento de que tu, em ti mesmo, és um milagre de
Deus.
A criação é a tua Fonte e a tua única função real.
7. A declaração «Deus criou
o Homem à sua imagem e semelhança» necessita de reinterpretação.
«Imagem» pode ser
compreendida como «pensamento» e «semelhança» como «de qualidade semelhante».
eus, efetivamente, criou o espírito no Seu próprio Pensamento
com uma qualidade semelhante à Sua própria.
Não há mais nada.
A percepção, por outro lado, é impossível sem uma percepção em «mais» e «menos».
Em todos os níveis envolve seletividade.
A percepção é um processo contínuo
de aceitar e rejeitar, organizar e reorganizar, deslocar e mudar.
A avaliação é uma parte
essencial da percepção porque os julgamentos são necessários para a seleção.
8. O que acontece às percepções se não existirem julgamentos, nem nada além da
perfeita igualdade?
A percepção passa a ser impossível.
A verdade só pode ser conhecida.
Toda a verdade é igualmente verdadeira e conhecer qualquer uma
das suas partes é conhecer toda a verdade.
Só a percepção envolve a consciência parcial.
O conhecimento transcende as leis que governam a percepção
porque um conhecimento parcial é impossível.
É totalmente uno e não tem
partes separadas.
Tu, que realmente és um com
ele, não precisas senão conhecer-te a ti mesmo para que o teu conhecimento
esteja completo.
Conhecer o milagre de Deus é
conhecê-Lo.
9.O perdão é a cura da percepção da separação.
A percepção correta do teu
irmão é necessária porque as mentes escolheram ver-se a si mesmas como
separadas.
O espírito conhece Deus de
forma completa.
Esse é o seu poder milagroso.
O fato de que cada um tem esse
poder de forma completa é uma condição inteiramente alheia ao pensamento do
mundo.
O mundo acredita que se alguém tem tudo, não sobra nada.
Mas os milagres de Deus são tão totais como os Seus pensamentos,
porque são os seus Pensamentos.
10. Enquanto durar a percepção há lugar à oração.
Uma vez que a percepção se baseia na falta, aqueles que percebem
não aceitaram totalmente a Expiação, nem se entregaram à verdade.
A percepção baseia-se num
estado separado, de modo que qualquer pessoa que perceba seja o que for,
necessita de cura.
A comunhão, não a oração, é o
estado natural daqueles que conhecem.
Deus e o Seu milagre são inseparáveis.
Como são belos, de fato, os Pensamentos de Deus que vivem à Sua
luz!
O teu valor está além da percepção, porque está além da dúvida.
Não te percebas a ti mesmo sob luzes diferentes.
Conhece-te a ti mesmo na Luz
Una onde o milagre que tu és está perfeitamente claro.
Lição 004 – “Estes pensamentos não significam nada.
São como as coisas que eu vejo neste
quarto [nesta rua,
desta janela, neste lugar].”
1.
Distintos dos anteriores, estes exercícios não começam com a idéia para o dia.
Nestes períodos de prática, começa notando os pensamentos que
estão cruzando a tua mente durante mais ou menos um minuto.
Em seguida, aplica a idéia a eles.
Se já estiveres ciente de pensamentos infelizes, usa-os como
sujeitos para a idéia.
Todavia, não seleciones apenas os pensamentos que pensas que são
“maus”.
Acharás, treinando-te a olhar para os teus pensamentos, que
representam uma tal mistura que, de certa forma, nenhum deles pode ser chamado
de “bom” ou “mau”.
É por isso que não significam nada.
2. Ao selecionares os
sujeitos para a aplicação da idéia de hoje, a especificidade usual é requerida.
Não tenhas medo de
usar tanto os pensamentos “bons” quanto os “maus”
Nenhum deles
representa os teus pensamentos reais, que estão sendo cobertos por eles.
Os “bons” são apenas sombras daquilo que está além, e sombras fazem com que seja
difícil ver.
Os “maus” são bloqueios para a vista e fazem com que seja impossível ver. Não queres
nenhum dos dois.
3. Este é um dos exercícios principais e será repetido de vez em
quando de forma um pouco diferente.
O objetivo aqui é o de treinar-te nos primeiros passos em
direção à meta de separar o que é sem significado daquilo que é significativo.
É uma primeira tentativa no propósito de longo alcance de
aprenderes a ver o sem significado como estando fora de ti e o significativo
dentro de ti.
Também é o começo do treinamento da tua mente para reconhecer o
que é o mesmo e o que é diferente.
4. Ao usares os teus
pensamentos para a aplicação da idéia para o dia de hoje, identifica cada
pensamento pela figura central ou evento que ele contém, por exemplo:
Este pensamento sobre ______ não significa nada.
É como as coisas que
vejo neste quarto [nesta rua, e assim por diante].
5. Também podes usar a idéia para algum pensamento em particular
que reconheças como danoso.
Essa prática é útil, mas não é um substituto para os
procedimentos mais casuais que devem ser seguidos para os exercícios.
Contudo, não examines a tua mente por mais de um minuto
aproximado.
Ainda és por demais inexperiente para evitar uma tendência a
preocupar-te de forma inútil.
6. Além disso, como
estes exercícios são os primeiros desse tipo, podes achar a suspensão de
julgamento em conexão com os pensamentos particularmente difícil.
Não repitas estes
exercícios mais de três ou quatro vezes durante o dia.
Nós voltaremos a eles mais tarde.
SITE OFICIAL DE UM CURSO EM MILAGRES
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Nota:
Divulgação: A Luz é Invencível
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