JULIE REDSTONE- "AS ROUPAS QUE USAMOS – NOVAS ESCOLHAS PARA UM NOVO TEMPO" - 04.03.2017
Não é uma tarefa fácil para aqueles que desejam estar conscientes de não criar danos aos outros, encontrar e usar roupas que não façam isto. Nosso vestuário, em países desenvolvidos, e especialmente nos Estados Unidos, vem daqueles países que abrigam os mais pobres dos pobres, países em que muitos se escravizam em empregos que pagam tão pouco, que teríamos dificuldade em acreditar que uma família pudesse ser sustentada por estes baixos salários. Sabemos e não sabemos com o que contribuímos para esta situação. Sabemos e não sabemos.
Quando a produção de roupas é terceirizada para áreas do mundo, tais como Bangladesh, onde os trabalhadores tinham poucos direitos e eram vítimas da pobreza extrema e de péssimas condições de trabalho (Exemplo: O desabamento do edifício Rana Plaza, em 2013, onde mais de mil pessoas morreram) não podemos entender como os outros poderiam viver em tais condições. No entanto, não vemos os meios para alterar a nossa participação em um processo que leva a um lucro extremo no topo da cadeia de produção, e debilitando a pobreza, embaixo.
O que devemos fazer? O que podemos fazer?
Devemos nos tornar mais conscientes. Este é o começo de nossa “ação”. Devemos reavaliar o que realmente precisamos, de modo que não contribuamos com os efeitos nocivos do consumismo – de compra, porque isto nos traz prazer ou uma sensação ilusória de liberdade. Devemos saber que o nosso consumismo tem um custo – a indústria do vestuário produz mais resíduos que a Terra deve abrigar e absorver, do que qualquer outra indústria. Pilhas sobre pilhas de roupas não recicláveis são acumuladas em todo o mundo, aguardando a eventual decomposição após centenas de anos, se não mais, enquanto emitem gases que poluem o céu.
Devemos ter conhecimento disto, devemos sentir isto – que desde a década de 70, a quantidade de roupas produzidas neste país, de acordo com uma fonte, aumentou em 400 por cento. Isto é, estamos usando e descartando mais roupas, fazendo mais compras, livrando-nos dos estilos do ano passado com mais frequência, em 400 por cento.
Quando damos as nossas roupas às instituições de caridade, com um desejo de sermos generosos, bem como de reciclarmos, somente uma pequena parte é usada em lojas. O resto se torna parte de um aterro sanitário, ou é distribuído em países do terceiro mundo, como o Haiti, onde começa a substituir a economia indígena de produção de vestuário deste país.
Não há uma resposta fácil a esta questão, do que podemos “fazer” neste momento, pois isto envolve uma mudança em nossa consciência, que se baseia em nossa compreensão de nossa unidade com todos os outros. Um lugar para começar, no entanto, é a motivação de não fazermos mal. A partir desta motivação pode vir a decisão de seguir vários princípios centrais que ajudarão a trazer mais integridade as nossas compras e ao nosso modo de vida. A partir desta motivação pode vir a expressão mais completa de nosso cuidado com as necessidades de todos.
Ao nos vestirmos, preocupando-nos com as pessoas e com a Terra, estejamos atentos aos seguintes princípios:
1 – Use bem as roupas. Compre roupas que durem e permita que elas durem, em vez de ter que descartá-la, porque os estilos mudam. O princípio da valorização das coisas que duram, foi substituído hoje pelo princípio de responder à “tendência” do momento, estimulado pela publicidade e pelo nosso desejo de atração e de aceitação. Podemos optar por retornar a uma forma mais integrada de responder as nossas próprias necessidades.
2 – Reavalie o que realmente precisa e retorne à simplicidade como um princípio fundamental. “O que precisamos” é uma ideia que temos, não uma realidade. Apenas há algumas gerações as pessoas sentiam que precisavam muito menos de roupas do que hoje.
3 – Seja criativo nas escolhas que faz sobre como criar mais de menos, isto é, como desenvolver um estilo individual que não se baseie em ter mais roupas, mas em usar o que temos com inspiração e criatividade.
4 – Não mais trate as coisas como se estivessem separadas das pessoas. Cada item que usamos é feito pelas mãos de alguém, ainda que alguma parte da produção seja automatizada. As roupas, em particular, exigem que os trabalhadores do vestuário, muitas vezes, trabalhem longas horas, a um grande custo para as suas próprias vidas pessoais. Não vamos mais separar as “coisas” de seu custo humano, ou do custo para a Terra em nosso uso delas.
Estes princípios são apenas um início e não abordam todo o problema da mudança de valores que é necessária, de modo que a nossa economia se torne mais motivada pelo coração e menos motivada pelo lucro, mas já é um começo. Que todos os seres se beneficiem desta mudança em nossa consciência e das mudanças que estamos dispostos a fazer em nossas próprias vidas.
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