terça-feira, 16 de outubro de 2018

Aqui não se trata de conhecimento, se trata de florescimento!




A sua natureza é Consciência. Você tem sempre o poder, a liberdade de se confundir com a experiência presente ou de se manter como sua testemunha. Você é uma testemunha da experiência quando está completamente presente. Mas, você não está presente quando está interpretando, traduzindo, julgando ou avaliando o que acontece através do pensamento; você está inconsciente.

Você é Consciência, mas, em geral, se confunde com os pensamentos sobre o que acontece e dá uma identidade ilusória à experiência que o corpo está vivendo através das sensações, das percepções. Aí está o ego, a inconsciência. Você tem toda liberdade de viver sem ego, de ser livre, mas precisa fazer uso disso, senão jamais descobrirá o que significa ter esta Liberdade.

Agora mesmo, o “escutar” é a Consciência. Interpretar o que se escuta é inconsciência. Para interpretar, você precisa do pensamento avaliando, concordando, discordando, aceitando ou rejeitando. Para escutar, não. Quando escuta um pássaro, você não se preocupa se ele está cantando certo ou errado, se está afinado ou não. Mas, quando escuta um ser humano, você fica prestando atenção se ele vai errar, se vai perder as notas. Este é o ponto! Aqui está a inconsciência.

A sua natureza é Consciência. Você tem sempre o poder, a liberdade de se confundir com a experiência presente ou de se manter como sua testemunha. 

Então, você é pura Consciência ouvindo um pássaro, mas não é Consciência ouvindo um ser humano cantando. Você não consegue viver nessa Liberdade de só ouvir, porque está muito viciado em ser alguém. E quando você é alguém? Quando julga, interpreta, traduz, avalia, mede, escolhe, gosta ou não gosta.

Participante: Entender Isso é impossível. Só é possível viver Isso.

Mestre: Você tem que viver essa Liberdade para descobri-La. Precisa trabalhar isso. Esta é a proposta em Satsang: trabalhar a atenção desidentificada desse falso “eu”. Tentar entender, por exemplo, é um esforço, e, intelectualmente, somos viciados nisso. Por que fazemos isso? Porque, no ego, queremos capturar o que está sendo dito para isso ser nosso, para termos mais alguma coisa na coleção do nosso velho baú de lixo, chamado “baú do conhecimento”. Basta o “ouvir”, sem esforço, sem ambição, sem desejo, sem querer entender, ou sem rejeitar por não entender.

O problema não é o “não entender”, mas querer entender. Quando um pássaro canta, você não entende o que ele está fazendo, o que ele está cantando, mas você não se importa, porque fica livre ouvindo-o. Mas, quando é um Guru, você diz: “Poxa! Eu quero Isso que ele tem!”. Pronto, surgiu a ambição e você perdeu.

Participante: Eu estou aqui porque quero esse Estado em que o Guru vive.

Mestre Gualberto: Mas, você não pode alcançar este Estado querendo. Você tem como constatar Isto em você, relaxando. O que fazemos em Satsang? Aprendemos a nos desfazer do que sempre fizemos. Começamos a parar de fazer, e a Graça vem e nos atropela. Então, não existe mais “a gente”, fica só a Graça, a Sabedoria, a Inteligência, a Presença, a Consciência, a Verdade.

Nós ouvimos o som de duas mãos batendo palmas. Agora, qual é o som de uma mão só batendo palma? Este é um koan Zen. Não dá para ir pelo intelecto, dá para estar aqui e agora, Nisso, nesse relaxamento, nesse “ouvir”, nessa atenção sem esforço, então essa “Coisa” que já está aí aflora, brota, tem a liberdade de sair da gaiola do ego, do intelecto, da inveja, da ambição, do desejo de ter, de conseguir.

O Guru lhe dá Isso, Deus lhe dá Isso. Não é você que O apanha, não é você que O pega.



Participante: Neste trabalho, tem que ter paciência e calma. Não adianta se desesperar por cada incômodo, por cada dor, por cada dúvida.

Mestre Gualberto: Isso vem com o amadurecimento interno, com o florescer do Estado Natural. Em razão das vasanas, das tendências da mente, isso leva algum tempo mesmo, até você saber do que eu estou falando, porque, até então, você não sabe.

Você não sabe, ainda, só ouvir. Você escuta e parece que está tentando capturar. Não dá para capturar a minha fala, mas dá para Isso se assentar aí. No começo, nós intelectualizamos, analisamos: “Puxa, é isso! Eu já sei!”. Mas, não é assim, porque aqui não se trata de conhecimento, se trata de florescimento. De certa forma, quando você acha que não está crescendo, não está evoluindo, não está progredindo... Entra Robert Adams, dizendo: “Esse é o sinal de que está havendo progresso!”.

Participante: Aqui não tem comida nenhuma para o ego, então, ele diz: “Não estou evoluindo!”.

Mestre Gualberto: Não tem comida para ele. Isso aqui não o fortalece. Estudar as palavras de Ramana, a Bhagavad Gita, Vedanta, isso sim fortalece, alimenta. Mas, aqui não tem alimento, é só esvaziamento mesmo.


*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 04 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online
 
https://marcosgualberto.blogspot.com/

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