Nos últimos 35 anos, dedica-se a pesquisas científicas que comprovam: a fé e a meditação melhoram a saúde.
Além disso, alivia os efeitos de doenças crônicas e tratamentos químicos fortes, como o de câncer.
Ele é autor de sete livros sobre o assunto, como Medicina Espiritual (ed. Campus) e o best-seller The Relaxation Response (não traduzido para o português).
Em julho passado, no II Congresso Internacional de Stress, organizado pela ISMA-BR (International Stress Management), em Porto Alegre, ele falou sobre MEDICINA E ESPIRITUALIDADE:
Herbert Benson - Sempre digo que há um tripé que sustenta a cura: os medicamentos, a cirurgia e a espiritualidade. Cada um deles tem seu peso, sendo que o hábito diário da prática da meditação corresponde de 60 a 90%. O resto é efeito da medicação ou, caso seja necessário, da cirurgia. Como médico, não receito para meus pacientes apenas a meditação, pois os recursos da medicina não podem ser desprezados.
HB - Pesquiso os efeitos da espiritualidade na cura de doenças há 35 anos e comecei estudando a relação entre o estresse e a hipertensão.
Primeiro fiz experimentos com macacos. Porém, na época, recebi uma proposta de estudar os efeitos físicos da meditação em um grupo de praticantes assíduos. Essas pessoas não tinham problemas de pressão alta e diziam que isso estava relacionado à meditação.
HB - Percebi que durante a prática há a diminuição da pressão arterial, da freqüência cardíaca e do ritmo respiratório. Tentei, então, descobrir o que provocava isso. E são dois os componentes básicos capazes de causar essas reações: a repetição de palavras e a capacidade de deixar os pensamentos de lado.
HB - Meditação é deixar a mente livre de pensamentos. E isso é geralmente conseguido pela repetição de palavras. Quando um católico reza um terço, por exemplo, ele está meditando. Não importa o que está dizendo, desde que aquela palavra tenha um significado importante para ele. Pode ser paz, amor, aleluia, shalom, um mantra (os sons sagrados orientais).
HB - As que apresentam melhor resposta ao relaxamento são hipertensão, problemas cardíacos, insônia, calorões da menopausa e toda forma de dor, inclusive as crônicas. Nesses casos, meditar ajuda a suportar melhor os desconfortos.
BF - E a infertilidade?
HB - Problemas de infertilidade, causados por estresse e ansiedade, melhoram 50% depois da prática diária do relaxamento e 59% das mulheres têm diminuição dos sintomas de TPM (tensão pré-menstrual). Mas é preciso lembrar que não se deve abandonar os medicamentos, independentemente do problema de saúde.
HB - Se a prática é diária, as doses do medicamento precisam ser diminuídas. Caso contrário, passa-se a ter efeitos colaterais causados pelo excesso de remédios.
Por exemplo, em quem é hipertenso, toma medicação e começa a meditar todo dia, a pressão arterial vai cair naturalmente. Assim, as doses dos remédios devem ser reduzidas aos poucos, com a orientação do especialista, até que a pressão se normalize. Percebo que, em males como a Aids ou o câncer, a meditação ajuda a suportar melhor os efeitos colaterais dos tratamentos.
HB - Para obter uma resposta eficaz, deve-se praticar uma ou duas vezes por dia, de dez a 20 minutos, cada vez. As alterações fisiológicas causadas pela meditação duram 24 horas, e isso faz também com que o praticante se torne mais resistente ao estresse e às doenças causadas por ele.
O ideal é meditar de manhã, ao acordar (antes do café da manhã), e no final da tarde.
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